Recentemente
ouvi umas músicas que muito me chamaram a atenção. Com clara apologia ao
lesbianismo, foi me revelado que tais canções eram de um grupo chamado
Sapabonde, formado apenas por mulheres homossexuais, as popularmente conhecidas
“sapatões”. A primeira coisa que me veio à cabeça naquele momento é que não me
lembrava de nenhum grupo musical formado por homens homossexuais, e que usassem
suas músicas como explicita apologia às suas condições sexuais.
Viajando
ainda mais na maionese, lembrei-me que na Grécia antiga, na época áurea dos
grandes filósofos, o homossexualismo masculino era amplamente aceito. Era comum
um rapaz com certa pré-disposição ter uma espécie de tutor, um homem mais velho
e mais sábio, que lhe ensinava as coisas da vida (em vários sentidos da
palavra). Também nas “trincheiras” da guerra do Peloponeso, era comum soldados
espartanos praticarem sexo entre si.
Já o homossexualismo
feminino era abominado nesse período. Os gregos antigos repudiavam o lesbianismo,
pois consideravam que a função da mulher era a da procriação, e que uma vez se envolvendo
com outras mulheres, ela não apenas estaria mudando a ordem natural das coisas
como também estaria pondo a sobrevivência dos ser humano em risco.
Pois bem,
os tempos mudaram. Apesar da cultura grega, somada à romana, ter influenciado
diretamente nossa sociedade atual, tais preceitos quanto à sexualidade não se
mantiveram intactos. O homossexualismo masculino continuou, porém, não com
tamanha aceitação que tinha na Grécia antiga. Já o homossexualismo feminino,
que sempre existiu, mesmo oculto, teve que permanecer à margem da sociedade, passando
inclusive por momentos críticos (imagine uma lésbica assumida em plena idade média.
Fogueira na certa!).
Chegamos,
então, aos dias de hoje. Terceiro milênio, século XXI, ano de 2013. Época em
que a liberdade de expressão está a mil, depois de anos sob o pesado chumbo da
censura militarista. E chegamos, também, ao grupo Sapabonde, que, invertendo a
ordem dos fatores histórico-culturais greco-romanos, apresenta ao Brasil suas
letras com temáticas ligadas ao lesbianismo.
A homofobia
ainda existe, porém, é muito diferente de outros tempos. Se na Grécia socrática
somente os homens podiam ter relações homossexuais, agora parece que as
mulheres saem na frente, e conseguem criar uma nova cultura contra o
preconceito ao homossexualismo. São os reflexos da chamada “Revolução Feminista”,
que inicialmente só queria libertar as mulheres da opressão imposta por uma
sociedade machista, mas que hoje se mostra com outras faces, algumas, inclusive,
mais masculinizadas.
Se a
mulheres queriam destruir o machismo, elas conseguiram. Se queriam trabalhar
fora, ganhar dinheiro e tomar suas próprias decisões, parabéns. Mas, elas foram
mais longes. Inverteram a intocável ordem grega da sexualidade, e mostraram que
nessa nova sociedade, nós homens somos objetos descartáveis. Servimos bem para
pais, mestres, e outras conveniências (como concertar chuveiros e matar
baratas), mas a dura verdade é que não só perdemos nosso posto de machos alfas,
mas também nossa capacidade de mostrar para as mulheres o quanto fomos e somos importantes
para elas. Principalmente para as não lésbicas (até porque as lésbicas não estão
nem aí com a gente mesmo!).
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