segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



O último pedido



por Eder Ferreira


Peço perdão

a quem nunca conheci

pelos caminhos errados

pelos vis desencontros


Peço desculpas

a alguém tão longe

e tão perto

em sua existência

nunca sentida


Peço uma palavra

de consolo e fé

para quem se ausentou

sem nunca mesmo ter

estado ao meu lado


Peço um gesto

de afeto desmedido

para selar essa dor

apagar esse ardor

que ainda me feri


Peço um instante

de pura atenção

para ouvir um coração

entristecido de saudade

por um outro em desacordo


Peço a você

que não me ouve

e não me toca

que esqueça de mim

pois todo pedido

de amor já feito

um dia chega ao fim

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Alicerce



por Eder Ferreira


Bases fundadas
afundando vidas

no lamaçal

do esquecimento


Hastes levantadas

para segurar

o que restou

de esperança


Construído

o ruído fúnebre
do silêncio


Destruída

a vil fundação

da vida amarga


Tempo exato

desatado


Continuo vento

que derruba muros

ao ouvir murmúrios

entre as finas paredes


Sólidas bases

tão fugazes

quanto a vida

que escorre
enquanto a história

se reconstrói

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

E o prêmio vai para...


Meses atrás anunciei uma promoção em meu blog. Quem postasse o melhor comentário, sobre qualquer texto meu publicado, ganharia um exemplar do livro “Uma Verdadeira Prosa – Contos & Minicontos”. Pois bem! E a vencedora foi... JULENI ANDRADE! Confira o comentário vencedor, sobre o texto Ideologia não paga contas!:


“Papelada, propagandas cheias de disse e me disse, botando tudo que não é cismado com tarja de burrice. Sufocado, o cabra grita que tem medo de sangue. Abestado, acredita em avejões articulados. É mania de gabola contra os não afortunados. Ideologia, mano, trás pão não!”


Peço, portanto, que a vencedora entre em contato pelo e-mail ederliterato@gmail.com, para que possa receber o livro em sua casa. A todos os que participaram, meu muito obrigado, e aguardem, pois em breve teremos novas promoções.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

REVISTA METÁFORA Nº 2


por Eder Ferreira

Confiram, nas bancas, o 2º número da REVISTA METÁFORA, a melhor revista sobre Literatura e Cultura do Brasil, incluindo uma mensagem de minha autoria, na seção de cartas, sobre a importancia da valorização da literatura independente em nosso país. Para saber mais, acesse www.revistametafora.com.br, ou facebook.com/revistametafora

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

SOU FINALISTA!!!


É com muita alegria, que informo a todos, que sou finalista do "Prêmio FEUC de Literatura 2011", com o poema "Aos profanos anjos do perene amor" (30 finalistas na categoria nacional, de um total de 507 inscritos).

Confira a lista de finalistas http://concursos-literarios.blogspot.com/2011/11/finalistas-premio-feuc-de-literatura.html e o edital do concurso http://concursos-literarios.blogspot.com/2011/08/2010-premio-feuc-de-literatura-2011.html

Os grandes vencedores serão divulgados no próximo sábado, dia 3 de dezembro. Torçam por mim!!!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tua boca



por Eder Ferreira


doce
presente
ardente
que mente
quando diz
que não me ama

louca
boca
que morde
que suga
e acende
o fogo
de nossa cama

rouca
voz
que fala
ao ouvido
bem baixinho
sem gritos
tão contidos
tão calados

lábios
vermelhos
que selam
o encontro
de nossos corpos
já grudados

sussurros
surgidos
em grunhidos
de paixão
incontida
num desejo

só escuto
na espera
de tua boca
tão louca
querendo
teu doce beijo

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Teu olhar de mulher



por Eder Ferreira

Teu olhar não me fascina

me corroe

Não me fita

me engole

Teu olhar não é sublime

é mortal

É brasa, é chama

então me chama que eu vou

para dentro de teus olhos

descobrir a cor de tua alma

Teu olhar de mulher

que arrasa com meu corpo

que me deixa quase louco

Estraçalha minha mente

e vagarosamente

me enxerga inteiro

Teu olhar é o tudo

que destrói o meu nada

e quando olho bem fundo

dentro do teu olhar

enfim descubro o significado

da palavra amar

22 de novembro, Dia do Músico

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11/11/11



por Eder Ferreira


1 retardado falando que o mundo vai acabar...
1 político prometendo mundos e fundos...
1 jovem morto, atropelado por um bebum...
1 criança pedindo esmola na rua...
1 padre acusado de pedofilia...
1 poeta sem grana, tentando levar a vida nessa budega chamada vida...

É, acho que o mundo tinha que acabar mesmo...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Feliz dia do saci



por Eder Ferreira


31 de outubro, dia do Haloween. Nas ruas, crianças fantasiadas de fantasmas e monstros, pedindo doces ou travessuras. Nas creches, professores fazem brincadeiras com os pimpolhos, em comemoração ao dia das bruxas. Na TV, filmes e programas feitos especialmente para essa data. E nos clubes e boates, bailes temáticos, onde quem for fantasiado a caráter paga menos para entrar, ou ganha uma bebida na faixa.

Mas, o que é comemorado mesmo no dia do Haloween? você sabe, caro leitor? Aposto que não. Que grande nome é homenageado nesse dia? Que grande evento ou fato histórico é lembrando? Duvido que você saiba, e se souber, deve ser o que chamamos de raridade.

Sabe porque você não sabe o que é comemorado nessa data (e muito menos eu)? Porque o dia das bruxas não faz parte da nossa cultura. O Haloween é invenção de povos da região da Gália e de ilhas da Grã-bretanha, mas popularizado pelo amado/odiado pais conhecido pela alcunha de Estados Unidos da América (como se o Brasil, e os demais países que compõem esse continente, não fossem da América).

O fato é que o famoso dia das bruxas não tem significado cultural nenhum para nós brasileiros. Então por que festejamos algo que nem sabemos para que serve? É a velha mania brasileira de trazer para cá coisas que não tem nada a ver com nossa cultura, só porque faz sucesso mundo afora.

Não seria mais lógico se, ao invés de crianças vestidas de monstros e aboboras estilizadas, tivéssemos uma festa para homenagear personagens de nossa cultura, como o saci, por exemplo? Quantas mulheres foram queimadas em fogueiras na idade média acusadas de serem bruxas? Milhares. E quantas pessoas foram mortas acusadas de serem sacis no Brasil? Que eu saiba, zero.

Chegamos então à conclusão de que as bruxas são muito mais perigosas que os sacis, já que um verdadeiro genocídio foi instalado pela inquisição para matá-las. Mas, nunca houve inquisição para sacis. Então porque homenagear as bruxas?

No próximo 31 de outubro quero ver todo mundo com um cachimbo (de brinquedo!) na boca pulando com uma perna só. É isso, ou deixar que o Tio Sam transforme nosso pais, que já não é grande coisa, em uma filial da Casa Branca.

Feliz dia do saci... quer dizer, das bruxas, para todos!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

28 de outubro, dia do Servidor Público


Parabéns a todos os servidores públicos do Brasil, por não medirem esforços para que esse pais, e todos os seus estados e municípios, continuem progredindo cada vez mais!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Falsos textos de escritores famosos multiplicam-se na internet



A literatura nunca esteve tão próxima das pessoas quanto agora, com o uso das redes sociais. No Facebook, Twitter ou no quase-extinto Orkut, Fernando Pessoa, William Shakespeare, Clarice Lispector, Jorge Luis Borges e Caio Fernando Abreu são figurinhas fáceis. Às vezes fáceis até demais, porque nem sempre os textos postados são obra dos escritores citados.

Sites voltados só para citações inundam a rede com os mais diversos pensamentos de autores conhecidos ou desconhecidos. E então, compreender toda uma obra se resume a uma frase de impacto.

“A falsa atribuição parece ser mais fácil do que procurar as verdadeiras fontes. É a literatura se contorcendo para sobreviver no espaço cibernético”, diz o mestrando em estudos literários da UEM (Universidade Estadual de Maringá) Luis Cláudio Ferreira Silva, 29.

“Há uma moda, e isso me incomoda muito, de pegar qualquer frase motivacional e atribuí-la, nas redes sociais, a um escritor célebre.” Machado de Assis, Clarice Lispector e José Saramago estão entre as vítimas das más atribuições de créditos.

“Daria uma boa história para um Brás Cubas mais moderno, afinal Machado de Assis é um desses que sofrem com alterações póstumas”, diz Ferreira Silva.

A estudante Priscilla Dias, 18, é adepta do uso de frases antes mesmo da ascensão das redes sociais. “Antes, eu tinha um caderninho onde anotava todas as frases de que gostava. Agora, com a internet, a gente acaba esquecendo um pouco o caderno”, diz.

Ela segue um dos perfis do falecido escritor gaúcho Caio Fernando Abreu no Twitter, e constantemente compartilha as frases com seus contatos. “Eu acho bonito”, justifica. A estudante não sabe precisar o primeiro contato com os fragmentos da obra de Fernando Abreu, mas desde então as frases de efeito acompanham o seu cotidiano.

Questionada se conhece alguma obra do autor, a resposta é rápida e seguida de justificativa. “Nunca li, mas tenho vontade. O que falta é tempo”. O objetivo de compartilhar é simples: “Às vezes, servem de indireta para alguém, ou mesmo uma direta. Às vezes é porque eu achei fofo”, diz Priscila.

Em contrapartida, o que às vezes se restringe ao superficial para uns, é motivo de pesquisa para outros. O estudante Emerson Oliveira, 21, também publica frases de efeito nos perfis das redes sociais e nem por isso se contenta com duas linhas filosóficas.

“Só coloco [as frases] depois de conhecer a vida do autor, confirmar a autoria”, diz. “É claro que o Google ajuda”, diz, bem humorado. Embasado na opinião ou manifestação de algum escritor, Oliveira usa as frases como forma de expressar o que está sentindo “ou também dar uma opinião sobre determinado assunto”.

Em meados de 2009 o estudante Patchacamac Moreano, 24, deparou-se com um blog em que a autoria dos textos era atribuída ao dono da página.

“Eram textos mais clássicos, nitidamente não eram da pessoa”, diz Moreano, que começou a publicar os verdadeiros autores do texto em cada postagem.

“Tinha uma mensagem da Cecília Meireles. Eu acho isso chato, até hoje recebo por e-mail textos de autoria desconhecida com assinatura de famosos escritores. Nesses casos, sempre respondo à pessoa que me enviou o e-mail alertando que está errado.” Desmascarado, o blogueiro até chegou a entrar em contato com o estudante pedindo desculpas e, então, deletou a página. “Geralmente as pessoas ignoram”, diz.

Reconhecer falsos créditos na rede, segundo o mestrando Luis Cláudio Ferreira Silva, não exige especialidade no assunto. Estudioso da obra de José Saramago, ele já se deparou com situações semelhantes na internet.

“Um olhar mais atento, mesmo daqueles que não conhecem profundamente a obra de Saramago pode identificar a fraude”, conta. Basta saber o estilo do escritor para evitar postar textos com o nome do autor errado.

“Conhecido como hermético e exaustivo por conta de suas frases longas e páginas e páginas sem sequer abrir um novo parágrafo, Saramago, grande crítico de nossa sociedade, não poderia ter escrito uma frase motivacional ou de auto-ajuda com um estilo quase que telegráfico.”

Quase autor

O texto “Quase” foi atribuído várias vezes a Luis Fernando Verissimo, mas alguns sites apontam para Sarah Westphal com a verdadeira autora. Será?

“(…) Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”


Fonte: http://www.livrosepessoas.com


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Indecisões



por Eder Ferreira


Não te entendo
Hora me ama
Hora me odeia
Num momento é minha
No outro já se foi
Um dia me presenteia
Outro dia, me arranca a alma
Numa noite me enlouquece
Na outra me abandona
Agora se diz meu tudo
Para depois não ser mais nada
Ontem era minha vida
Hoje me deixou com a morte
Num minuto surge de repente
Num segundo desaparece sem rastros
Não te entendo
E muito menos me compreendo
Pois faço de tudo pra te esquecer
Mesmo ainda te querendo

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

20 de outubro, Dia do Poeta



Pablo vs. Pablo

por Eder Ferreira

Expresse suas palavras em telas
Pragmáticas como um caderno de poesias
Jogado num canto qualquer

Pinte seus sonhos em livros
Com tintas invisíveis a olhos nu
E desnude sua compreensão sobre a arte

Redija suas últimas memórias
Em quadros estáticos e tão sangrentos
Pelos males contidos de arrependimentos

Rabisque as paredes de sua casa
No aguardo de um carteiro fantasma
Que nunca irá chegar

Sinta as cores
Sinta as letras
Pinturas e palavras
Aquarelas tão escravas
Desse tempo tão vulgar


Poema em homenagem a todos os homens e mulheres que se aventuram nos desvairados caminhos da poesia. Parabéns a todos os poetas e a todos os entusiastas da poesia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O deus da riqueza



por Eder Ferreira

Nos sorridentes semblantes que vejo
Enxergo a verdade instriseca dos dias
Desses tempos, de orações e orgias
De toda a riqueza que não mais desejo

Felizes risos, em rostos desfalecidos
Momentos regados a vinho e caviar
Um papinho antes do opulento jantar
Uma falsa prece a um deus já esquecido

Enquanto a festa vai até altas horas
Envenenando a noite e a doce aurora
O mundo observa essa eterna avareza

Vidas fartas... na verdade tão senis
Nem percebem que estão nas garras vis
Do infeliz e mesquinho deus da riqueza

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O último soneto



por Eder Ferreira


Soneto branco... soneto feio... soneto vil...

Dentre as páginas acaloradas, a epopéia

De sinopses americanas e formas européias

Da rima portuguesa ao poético Brasil...


Um soneto, uma poesia, uma trova...

Mesmices rimadas, com sentido duvidoso

Das mãos do insano escritor ocioso

Surge uma imprudente lira nova


Leia e desfrute. Veja que "cousa" linda

O último soneto que vem agora

A rimar em falso, na ida e na vinda


Forçando essas rimas sem luxúrias

Na bravura poética, logo aflora

O temerário Soneto das injúrias...



Soneto publicado originalmente no livro "O Exterminador de Sonetos"

Campanha "Escritor independente também é gente!"

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tempo esgotado



por Eder Ferreira


O tempo não para, só passa devagar

Arrastando-se perene, pela eternidade

Ocultando a mentira, enganando a verdade

Na montaria temporal, sempre a galopar


Tão solene, só, em recato, desolado

Um relógio quebrado, tênue, perpétuo

Desfragmentado no silêncio, quieto

Seu advento já foi cronometrado


Os ponteiros, inertes, logo paralisam

Segundos, minutos, horas, enfim

As cicatrizes óbvias não cauterizam


Ser atemporal, desses tempos devassos

Já sinto pulsar aqui dentro de mim

Como o relógio, meu coração em pedaços