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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Capitalismo literário


por Eder Ferreira


não trabalho com o falso
e sim com a realidade
forçada
(iniquidade)
a ordem do lema
(já sem trema)
ordinária mania
literatura de periferia
não trabalho...
(desemprego cultural)
...todos os dias
... ... ...
reticências obrigatórias
moratória
o “eu”, o “nós”
minha palavra, minha voz
a profissão de fé
se extingue nas prateleiras
quando as literárias asneiras
vão para a sacolinha
e eu (sem aspas)
destruo minha escrivaninha
não preciso dela
nem de nada
só de chance
“pra matá as lumbriga”
e de um lanche
já que “pra nóis”
livro não enche barriga...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Antologia "Poesia Todo Dia"



     Mais do que um livro de poesias, "Poesia Todo Dia" é uma obra de amor. Ao adquirir esse livro, você fará parte de uma rede de pessoas que se doaram de inúmeras formas em benefício da APAE DE SÃO PAULO e sua missão de promover a prevenção e a inclusão da pessoa com Deficiência Intelectual, pois os direitos autorais obtidos com as vendas dos livros serão doados integralmente à instituição. O "Poesia Todo Dia" foi um concurso cultural realizado pela AlphaGraphics, para o qual centenas de Poetas do Bem das mais diversas localidades no Brasil doaram mais de 1.000 poesias, das quais 365 foram selecionadas para compor o livro homônimo. E este livro ainda conta a com o poema "Incertezas", do escritor siqueirense EDER FERREIRACompre. Dê de presente. Divulgue. "Poesia Todo Dia" fará bem ao seu coração e às crianças da APAE DE SÃO PAULO. Para adquirir seu exemplar CLIQUE AQUI.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Decálogo ao Jovem Escritor - Parte 1

por Eder Ferreira


     O Jornal Literário Rascunho (clique aqui) publicou uma série de textos onde convidou sete escritores renomados e experientes para escreverem dez dicas aos jovens (ou não tão jovens) que pretendem se aventurar no universo da literatura. Achei muito interessante e informativo, e resolvi postar essas dicas aqui no meu blog. Cada post será de um escritor, e ai vai o primeiro:


Luiz Antonio de Assis Brasil

1. Ler apenas quem escreve melhor do que nós.
2. Tentar descobrir nossa “medida”, isto é: o meio-caminho ideal entre ser explícito e ser obscuro. Quem descobre a medida, como Hemingway descobriu, ganha o Nobel.
3. Ler, ler muito. Escrever, escrever muito. Todos os dias.
4. Escutar os outros sobre nossos próprios textos. Mas esses outros precisam ter duas qualidades complementares: a) competência para análise de textos literários; b) sinceridade. É raríssimo encontrar pessoas com ambas qualidades.
5. Escrever aquilo que se gosta de ler. Se gostamos de textos simples, por que escrevermos complicado?
6. Ter sempre um caderno de notas no bolso, ou algo semelhante. Ele deve ficar à nossa cabeceira, à noite. As idéias nos alcançam quando menos esperamos.
7. Saber que o sucesso e a qualidade literária pertencem a universos diferentes.
8. Fugir da vida literária; isso só desintegra o fígado e cria inimigos, para além de ser uma colossal perda de tempo.
9. Criar espaços (emocionais, físicos, cronológicos) para exercitar a literatura, mesmo que isso signifique abdicar de coisas aparentemente necessárias.
10. Pensar como escritor, isto é, conotativamente. Deixar o pensamento dedutivo apenas para quando estivermos estruturando nosso romance. No plano textual, usar de preferência conjunções coordenativas, em vez das subordinativas.

Luiz Antonio de Assis Brasil é autor de O pintor de retratos, A margem imóvel do rio, entre outros. Vive em Porto Alegre (RS).

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Prêmios Literários do Escritor Eder Ferreira



Menção Honrosa no "XIV Concurso Nacional de Poesias - Edição Rui Barbosa", com o poema "A última noite de um poeta", publicado no livro "O Exterminador de Sonetos - 2ª Edição"


Finalista no "Prêmio FEUC de Literatura 2011", com o poema "Aos profanos anjos do perene amor", e Vencedor no "Concurso Poesia todo dia", com o poema "Incertezas", ambos publicados no livro "Um lugar para dizer adeus"


Finalista no "Prêmio Cidade de Porto Seguro de Contos 2009", com o conto "O dia da caça", publicado no livro "Uma Verdadeira Prosa - Contos & Minicontos"


Clique nos títulos dos livros para obter mais informações

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Cards colecionáveis "Escritores do Norte Pioneiro do Paraná"

por Eder Ferreira

     Para ajudar na divulgação da literatura nortepioneirense, aí vão alguns cards da série "Escritores do Norte Pioneiro do Paraná" (em breve serão postados mais cards):





quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Eventos em Tomazina homenageiam escritor Newton Sampaio e reúnem autores e artistas do Norte Pioneiro

por Eder Ferreira


     A literatura nunca foi tão valorizada no Norte Pioneiro do Paraná como nos dias 10 e 11 de setembro de 2013. A cidade de Tomazina foi o palco de uma serie de eventos em homenagem ao escritor tomasinense Newton Sampaio, falecido já a 75 anos, mas que marcou seu nome na história literária paranaense. Pude participar dos eventos do dia 11, que contou com um chá literário, realizado no Hotel Fazenda, onde escritores do Norte Pioneiro puderam se reunir, se conhecer, trocar experiências e divulgarem seus trabalhos. O chá ainda contou um uma bela apresentação de um grupo teatral de Jaboti. Em seguida, no Centro Cultural que leva o nome do escritor homenageado, foi feito o lançamento das obras que comemoram o nascimento de Newton Sampaio. Estavam, além de escritores convidados, o irmão do escritor, Senhor Pedro Sampaio, e o Dr. Soares, um dos grandes responsáveis por esse maravilhoso acontecimento. E não poderia finalizar sem mencionar e agradecer meu amigo Leandro Muniz, que tanto fez para que pudéssemos estar em Tomazina nessa data. Confira algumas fotos dos eventos:










segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lançamento do livro "Varal sem lei", de Leandro Muniz

por Eder Ferreira

     No dia 24 de agosto de 2013, um sábado, aconteceu em Tomazina, Paraná, o lançamento do livro “Varal sem lei”, do escritor Leandro Muniz (sob o pseudônimo de A. Zhoras). Os convidados lotaram o auditório da Câmara Municipal, onde puderam prestigiar os belos vídeos editados e protagonizados pelo próprio escritor, além de uma incrível performance do autor, que se vestiu a caráter, leu seus poemas e fez uma linda homenagem ao seu conterrâneo, o escritor tomazinense Newton Sampaio, nascido a exatos 100 anos e que, apesar de ter falecido jovem, aos 24 anos, é considerado por muitos o melhor contista do Paraná. Como escritor, e amigo, não pude deixar de marcar presença neste importante evento. Confira abaixo algumas imagens do lançamento:







Imagens: Alessandro Silva

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sobre o fim da literatura e o descaso dos "grandes escritores"


por Eder Ferreira

      As pessoas odeiam ler, isso é uma realidade. É claro que essa afirmação não pode ser lida de maneira generalizada, pois existem muitos leitores ávidos por ai. Mas, mesmo essa frase, tão tendenciosa e exagerada, esconde uma verdade cruel e inevitável: vivemos em um mundo onde cada vez menos as pessoas se interessam por literatura. E, mesmo que a generalização não seja a melhor forma de criticar o martírio por que passam os escritores independentes brasileiros, talvez esteja na hora de encararmos essa questão com certo radicalismo. É certo que toda forma de radicalizar o problema, seja ele qual for, não é correta. Mas, se deixarmos as coisas como estão, em breve viveremos em uma sociedade que tratará os livros como peças de museus e os leitores como lendas urbanas. Os escritores consagrados, autores de best-sellers e demais literatos que se deliciam com o bolo inteiro, sem deixar sequer uma migalha para os escritores independentes, não se importam com tal previsão apocalíptica, pois acreditam que seus textos e livros estarão sempre bem guardados nas gavetas sem trancas da história. Porém, vale a pena lembrar-lhes que o cadeado da ignorância já teve muitos nomes, como inquisição, ditadura, censura, entre outros mais, e que, mesmo em um mundo como o nosso, onde o conhecimento navega livre pela rede mundial de computadores, sempre é possível que alguém crie um novo nome para a estupidez humana. Um nome, inclusive, que nem os afamados escritores, considerados deuses literários, vão conseguir decifrar a tempo. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Concurso "Poesia todo dia"


     Acabei de receber a notícia via e-mail de que sou um dos ganhadores do Concurso "Poesia todo dia", e de que em breve será publicado um livro com os poetas finalistas. Fiquei muito feliz, claro, pois nem me lembrava que havia me inscrito nesse concurso. Para conferir a lista de ganhadores, clique aqui.

Eder Ferreira

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mini-Curso "Como se tornar um Escritor"


Para baixar o Mini-Curso "Como se tornar um Escritor" em Slides, Clique Aqui


Para baixar a Apostila de Criação Literária - Poema, Conto e Crônica, Clique Aqui

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O príncipe violinista

por Eder Ferreira

     Das melodias que ouvira, nenhuma tinha tanta paixão e melancolia quanto aquela. Talvez até já tivesse escutado algo tão belo, mas não conseguia se lembrar de algum momento de tanta beleza. O som do violino parecia que vinha do céu, preenchendo o ar e fazendo com que qualquer um que passasse ao entardecer, pela Rua da Alvorada, ficasse extasiado de tanta doçura e tristeza misturadas. A música vinha de uma casa, já velha, sem muito brilho, quase que por desabar. Flora se encantava sempre que voltava da escola. Chegava a parar por alguns minutos, só para poder escutar aquela música divina. Indagava-se sobre quem poderia tocar tão maravilhosamente um violino, instrumento que ela tentara aprender, mas sem muito sucesso. A vergonha não lhe permitia bater palmas e perguntar quem era o instrumentista que a encantava todo fim de tarde. É claro que, em sua cabecinha juvenil, de menina com seus quatorze anos, montava a idéia de o músico ser um rapaz com seus vinte e poucos anos, lindo de morrer e que, sem muitos recursos financeiros para fazer aulas de violino, aprendera a tocar sozinho, e ficava ali, todos os dias, no mesmo horário, ensaiando. Pensara até em um nome para ele: Marcos. Alto, olhos verdes, olhar tímido. Um príncipe, não só em beleza como também em talento. Numa tarde, dessas meio chuvosas, quando veio a estiagem de alguns minutos, quase suficiente para Flora ir embora, pois esquecera de levar o guarda-chuva, passava ela pela Rua da Alvorada quando viu um senhor, de idade avançada, saindo pelo portão enferrujado daquela casa velha, onde morava seu violinista dos sonhos. Eufórica, pensou logo em se tratar do pai ou avô do rapaz, o tal Marcos, que ela nomeara. Tomou coragem e foi até lá, perguntar ao velho sobre quem tocava aquelas músicas tão belamente. O velho lhe disse que era ele mesmo quem tocava o violino. O mundo de Flora desabou naquele instante. Não havia Marcos algum, e seu príncipe violinista não passava de um senhor quase careca, de voz rouca e sem charme algum. Meio sem querer ela deixou escapar um “Marcos”, que o velho logo escutou. Perguntou à moça o que dissera, e ela, com olhar de curiosidade, repetiu o nome. O velho disse se tratar do nome de seu neto, que morrera a pouco mais de um ano, em um acidente de carro, quando ia para um festival de violino. O velho despediu-se então da jovem, e seguiu pela calçada, até virar a esquina. Flora ficou lá, parada, no meio da calçada, quando recomeçou a chover finamente. “Então o Marcos existiu”, pensou ela, com um leve sorriso no rosto. Vagarosamente começou a andar em direção à sua casa. A chuva logo engrossou, mas ela não acelerou o passo. Foi lentamente embora, relembrando uma das músicas que sempre ouvira o velho tocar nos fins de tarde. O tom melancólico das canções que ouvia agora fazia sentido. Quem sabe aquele velho não tocava as músicas tristes pensando no neto Marcos, que havia morrido. Flora começou a chorar e, misturada às suas lágrimas, a chuva escorria pelo seu rosto. A música não saia de sua cabeça, e nem a lembrança de seu príncipe violinista, que ela só conhecera por intermédio do som de um violino, tocado por um velho músico desconhecido.


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Conto publicado originalmente no livro "Uma Verdadeira Prosa - Contos & Minicontos", do escritor Eder Ferreira (para adquirir o livro clique aqui)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

REVISTA METÁFORA Nº 2


por Eder Ferreira

Confiram, nas bancas, o 2º número da REVISTA METÁFORA, a melhor revista sobre Literatura e Cultura do Brasil, incluindo uma mensagem de minha autoria, na seção de cartas, sobre a importancia da valorização da literatura independente em nosso país. Para saber mais, acesse www.revistametafora.com.br, ou facebook.com/revistametafora

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Falsos textos de escritores famosos multiplicam-se na internet



A literatura nunca esteve tão próxima das pessoas quanto agora, com o uso das redes sociais. No Facebook, Twitter ou no quase-extinto Orkut, Fernando Pessoa, William Shakespeare, Clarice Lispector, Jorge Luis Borges e Caio Fernando Abreu são figurinhas fáceis. Às vezes fáceis até demais, porque nem sempre os textos postados são obra dos escritores citados.

Sites voltados só para citações inundam a rede com os mais diversos pensamentos de autores conhecidos ou desconhecidos. E então, compreender toda uma obra se resume a uma frase de impacto.

“A falsa atribuição parece ser mais fácil do que procurar as verdadeiras fontes. É a literatura se contorcendo para sobreviver no espaço cibernético”, diz o mestrando em estudos literários da UEM (Universidade Estadual de Maringá) Luis Cláudio Ferreira Silva, 29.

“Há uma moda, e isso me incomoda muito, de pegar qualquer frase motivacional e atribuí-la, nas redes sociais, a um escritor célebre.” Machado de Assis, Clarice Lispector e José Saramago estão entre as vítimas das más atribuições de créditos.

“Daria uma boa história para um Brás Cubas mais moderno, afinal Machado de Assis é um desses que sofrem com alterações póstumas”, diz Ferreira Silva.

A estudante Priscilla Dias, 18, é adepta do uso de frases antes mesmo da ascensão das redes sociais. “Antes, eu tinha um caderninho onde anotava todas as frases de que gostava. Agora, com a internet, a gente acaba esquecendo um pouco o caderno”, diz.

Ela segue um dos perfis do falecido escritor gaúcho Caio Fernando Abreu no Twitter, e constantemente compartilha as frases com seus contatos. “Eu acho bonito”, justifica. A estudante não sabe precisar o primeiro contato com os fragmentos da obra de Fernando Abreu, mas desde então as frases de efeito acompanham o seu cotidiano.

Questionada se conhece alguma obra do autor, a resposta é rápida e seguida de justificativa. “Nunca li, mas tenho vontade. O que falta é tempo”. O objetivo de compartilhar é simples: “Às vezes, servem de indireta para alguém, ou mesmo uma direta. Às vezes é porque eu achei fofo”, diz Priscila.

Em contrapartida, o que às vezes se restringe ao superficial para uns, é motivo de pesquisa para outros. O estudante Emerson Oliveira, 21, também publica frases de efeito nos perfis das redes sociais e nem por isso se contenta com duas linhas filosóficas.

“Só coloco [as frases] depois de conhecer a vida do autor, confirmar a autoria”, diz. “É claro que o Google ajuda”, diz, bem humorado. Embasado na opinião ou manifestação de algum escritor, Oliveira usa as frases como forma de expressar o que está sentindo “ou também dar uma opinião sobre determinado assunto”.

Em meados de 2009 o estudante Patchacamac Moreano, 24, deparou-se com um blog em que a autoria dos textos era atribuída ao dono da página.

“Eram textos mais clássicos, nitidamente não eram da pessoa”, diz Moreano, que começou a publicar os verdadeiros autores do texto em cada postagem.

“Tinha uma mensagem da Cecília Meireles. Eu acho isso chato, até hoje recebo por e-mail textos de autoria desconhecida com assinatura de famosos escritores. Nesses casos, sempre respondo à pessoa que me enviou o e-mail alertando que está errado.” Desmascarado, o blogueiro até chegou a entrar em contato com o estudante pedindo desculpas e, então, deletou a página. “Geralmente as pessoas ignoram”, diz.

Reconhecer falsos créditos na rede, segundo o mestrando Luis Cláudio Ferreira Silva, não exige especialidade no assunto. Estudioso da obra de José Saramago, ele já se deparou com situações semelhantes na internet.

“Um olhar mais atento, mesmo daqueles que não conhecem profundamente a obra de Saramago pode identificar a fraude”, conta. Basta saber o estilo do escritor para evitar postar textos com o nome do autor errado.

“Conhecido como hermético e exaustivo por conta de suas frases longas e páginas e páginas sem sequer abrir um novo parágrafo, Saramago, grande crítico de nossa sociedade, não poderia ter escrito uma frase motivacional ou de auto-ajuda com um estilo quase que telegráfico.”

Quase autor

O texto “Quase” foi atribuído várias vezes a Luis Fernando Verissimo, mas alguns sites apontam para Sarah Westphal com a verdadeira autora. Será?

“(…) Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”


Fonte: http://www.livrosepessoas.com


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tomas Tranströmer, prêmio Nobel de Literatura 2011


O Prêmio Nobel de Literatura 2011 foi atribuído ao poeta e tradutor sueco Tomas Tranströmer, anunciou na quinta-feira, dia 6 de outubro de 2011, a Academia sueca, em Estocolmo. O sueco Tomas Tranströmer, 80 anos, autor de “Den stora gatan” (O Grande Enigma, 2004) foi distinguido com o prêmio Nobel da Literatura. O prêmio tem o valor monetário de dez milhões de coroas suecas, cerca de 1,1 milhões de euros. O prêmio Nobel da Literatura 2011 é representante da poesia lírica, que não era premiada pela academia sueca desde 1996, ano em que foi eleita a poetisa polaca Wislawa Szymborska. A Academia sueca anunciou que Tranströmer merceu a honra “porque, através das suas imagens condensadas e translúcidas, dá-nos um acesso fresco à realidade”. Além da sua obra poética, tem-se destacado como tradutor. A cerimônia de entrega dos Prêmios Nobel 2011 realizará-se no próximo dia 10 de dezembro, na capital sueca. Tomas Tranströmer, no entanto, não vai poder falar para agradecer. O poeta sofreu em 1990 um acidente vascular cerebral que o deixou em parte afásico e hemiplégico. Apesar disso, continuou a escrever. Desde então, publicou mais três obras, entre as quais “O Grande Enigma: 45 Haikus”. Confira, abaixo, trechos de dois poemas do novo prêmio Nobel de literatura:



HISTÓRIAS DE MARINHEIROS (1954)


Há dias de inverno sem neve em que o mar é parente
de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza,
azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos
linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar.

Em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca
de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas
tripulações vêm a terra, mais ténues que fumo de cachimbo.

(No Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas
e olhos sonhadores. No Norte, onde o dia
vive numa mina, de dia e de noite.

Ali, onde o único sobrevivente pode estar
junto ao forno da Aurora Boreal escutando
a música dos mortos de frio).


***



A ÁRVORE E A NUVEM (1962)


Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.

Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.


***