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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem cientistas




Ler autores clássicos, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool. Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial"
    Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano. Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.
     Os especialistas descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva. "A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.
  Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens. 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1215067-ler-poesia-e-mais-util-para-o-cerebro-que-livros-de-autoajuda-dizem-cientistas.shtml

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Independência ou “sorte"!

por Eder Ferreira


Há exatos 191 anos, um príncipe metido e mulherengo andava às turras com seu pai, o então rei de Portugal. Depois de muito pensar em como afrontar seu velho, ele resolveu fazer o que nenhum rei no mundo desejaria a seu pior inimigo: declarou a independência de sua maior e mais produtiva colônia.
É claro que essa alegoria não reflete o que de fato aconteceu no ano 1822, quando o Brasil passou a ser um país independente do julgo português, mas serve para lembrar que, apesar da importância história dos fatos, nossa nação tupiniquim só conseguiu se libertar de Portugal por causa dos caprichos de um príncipe.
Bem diferente, alias, de outra história, ocorrida no ano de 1776, ao norte do continente americano, onde, no dia 4 de julho desse ano, nascia os Estados Unidos da América. Maior potência política e militar do mundo moderno, os EUA conquistaram sua independência da Coroa Britânica por meio de uma série de conflitos entre a população local e os ingleses.
Vale ressaltar que no caso brasileiro também houve batalhas, e que no estadunidense (porque americanos são todos que nasceram no continente da América), algumas personalidades foram decisivas, como Thomas Jefferson, por exemplo. Mas, é fato que o povo brasileiro não penou tanto para conquistar sua independência, e isso refletiu, e ainda reflete, no patriotismo brazuca (se é que ele existe!). Já nos estadunidenses, é notório o amor demonstrado por sua nação, principalmente no feriado de 4 de julho.
É possível sentir que, no Brasil, as coisas diferem bastante. Não há aqui o mesmo fervor que na terra do Tio Sam. É mais fácil ver brasileiros sentirem orgulho por suas cidades e estados natais do que por seu país. Até times de futebol inspiram mais paixões do que o patriotismo.
E, falando nisso, ai vai uma sugestão para os cartolas do futebol: que tão mudar a rodada final do campeonato brasileiro para o dia 7 de setembro? Pode ser que algum estrangeiro veja a festa e pense que é por causa do dia da independência. É como diz aquele velho ditado: “para inglês ver”. Ou seria “para estadunidense ver”?

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sobre o fim da literatura e o descaso dos "grandes escritores"


por Eder Ferreira

      As pessoas odeiam ler, isso é uma realidade. É claro que essa afirmação não pode ser lida de maneira generalizada, pois existem muitos leitores ávidos por ai. Mas, mesmo essa frase, tão tendenciosa e exagerada, esconde uma verdade cruel e inevitável: vivemos em um mundo onde cada vez menos as pessoas se interessam por literatura. E, mesmo que a generalização não seja a melhor forma de criticar o martírio por que passam os escritores independentes brasileiros, talvez esteja na hora de encararmos essa questão com certo radicalismo. É certo que toda forma de radicalizar o problema, seja ele qual for, não é correta. Mas, se deixarmos as coisas como estão, em breve viveremos em uma sociedade que tratará os livros como peças de museus e os leitores como lendas urbanas. Os escritores consagrados, autores de best-sellers e demais literatos que se deliciam com o bolo inteiro, sem deixar sequer uma migalha para os escritores independentes, não se importam com tal previsão apocalíptica, pois acreditam que seus textos e livros estarão sempre bem guardados nas gavetas sem trancas da história. Porém, vale a pena lembrar-lhes que o cadeado da ignorância já teve muitos nomes, como inquisição, ditadura, censura, entre outros mais, e que, mesmo em um mundo como o nosso, onde o conhecimento navega livre pela rede mundial de computadores, sempre é possível que alguém crie um novo nome para a estupidez humana. Um nome, inclusive, que nem os afamados escritores, considerados deuses literários, vão conseguir decifrar a tempo. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sapabonde e a nova ordem (homo)sexual

por Eder Ferreira


Recentemente ouvi umas músicas que muito me chamaram a atenção. Com clara apologia ao lesbianismo, foi me revelado que tais canções eram de um grupo chamado Sapabonde, formado apenas por mulheres homossexuais, as popularmente conhecidas “sapatões”. A primeira coisa que me veio à cabeça naquele momento é que não me lembrava de nenhum grupo musical formado por homens homossexuais, e que usassem suas músicas como explicita apologia às suas condições sexuais.
Viajando ainda mais na maionese, lembrei-me que na Grécia antiga, na época áurea dos grandes filósofos, o homossexualismo masculino era amplamente aceito. Era comum um rapaz com certa pré-disposição ter uma espécie de tutor, um homem mais velho e mais sábio, que lhe ensinava as coisas da vida (em vários sentidos da palavra). Também nas “trincheiras” da guerra do Peloponeso, era comum soldados espartanos praticarem sexo entre si.
Já o homossexualismo feminino era abominado nesse período. Os gregos antigos repudiavam o lesbianismo, pois consideravam que a função da mulher era a da procriação, e que uma vez se envolvendo com outras mulheres, ela não apenas estaria mudando a ordem natural das coisas como também estaria pondo a sobrevivência dos ser humano em risco.
Pois bem, os tempos mudaram. Apesar da cultura grega, somada à romana, ter influenciado diretamente nossa sociedade atual, tais preceitos quanto à sexualidade não se mantiveram intactos. O homossexualismo masculino continuou, porém, não com tamanha aceitação que tinha na Grécia antiga. Já o homossexualismo feminino, que sempre existiu, mesmo oculto, teve que permanecer à margem da sociedade, passando inclusive por momentos críticos (imagine uma lésbica assumida em plena idade média. Fogueira na certa!).
Chegamos, então, aos dias de hoje. Terceiro milênio, século XXI, ano de 2013. Época em que a liberdade de expressão está a mil, depois de anos sob o pesado chumbo da censura militarista. E chegamos, também, ao grupo Sapabonde, que, invertendo a ordem dos fatores histórico-culturais greco-romanos, apresenta ao Brasil suas letras com temáticas ligadas ao lesbianismo.
A homofobia ainda existe, porém, é muito diferente de outros tempos. Se na Grécia socrática somente os homens podiam ter relações homossexuais, agora parece que as mulheres saem na frente, e conseguem criar uma nova cultura contra o preconceito ao homossexualismo. São os reflexos da chamada “Revolução Feminista”, que inicialmente só queria libertar as mulheres da opressão imposta por uma sociedade machista, mas que hoje se mostra com outras faces, algumas, inclusive, mais masculinizadas.
Se a mulheres queriam destruir o machismo, elas conseguiram. Se queriam trabalhar fora, ganhar dinheiro e tomar suas próprias decisões, parabéns. Mas, elas foram mais longes. Inverteram a intocável ordem grega da sexualidade, e mostraram que nessa nova sociedade, nós homens somos objetos descartáveis. Servimos bem para pais, mestres, e outras conveniências (como concertar chuveiros e matar baratas), mas a dura verdade é que não só perdemos nosso posto de machos alfas, mas também nossa capacidade de mostrar para as mulheres o quanto fomos e somos importantes para elas. Principalmente para as não lésbicas (até porque as lésbicas não estão nem aí com a gente mesmo!). 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Globo de Ouro 2013



Quando vi a lista de indicados para o Globo de Ouro 2013 tive duas reações distintas: a primeira foi de alegria, por ver The Big Bang Theory com duas indicações, Melhor série de TV – Musical ou comédia e Melhor ator em série de TV - Comédia ou musical, para Jim Parsons (o impagável Sheldon Cooper). Porém, fiquei triste por não ver The Walking Dead na categoria Melhor série de TV - Drama. Essas são minhas duas séries favoritas, e sempre torço para que ganhem prêmios e se tornem mais famosas ainda. Já nas indicações para cinema, não vi nada demais. Agora é esperar pelo Oscar, e continuar na torcida para que TBBT ganhe alguma coisa. Confira a lista completa:

TV

Melhor série de TV - Musical ou comédia

"The Big Bang Theory" (2007)
"Episodes" (2011)
"Girls" (2012)
"Modern Family" (2009)
"Smash" (2012)

Melhor série de TV – Drama

"Boardwalk Empire" (2010)
"Breaking Bad" (2008)
"Downton Abbey" (2010)
"Homeland" (2011)
"The Newsroom" (2012)

Melhor filme feito ou minissérie para a TV

"Virada no Jogo" (2012)
"The Girl" (2012)
"Hatfields & McCoys" (2012)
"The Hour" (2011)
"Political Animals" (2012)

Melhor ator em série de TV – Drama

Steve Buscemi, "Boardwalk Empire" (2010)
Bryan Cranston, "Breaking Bad" (2008)
Jeff Daniels, "The Newsroom" (2012)
Jon Hamm, "Mad Men - Inventando Verdades" (2007)
Damian Lewis, "Homeland" (2011)

Melhor atriz em série de TV – Drama

Connie Britton, "Nashville" (2012)
Glenn Close, "Damages" (2007)
Claire Danes, "Homeland" (2011)
Michelle Dockery, "Downton Abbey" (2010)
Julianna Margulies, "The Good Wife" (2009)

Melhor ator em série de TV - Comédia ou musical

Alec Baldwin, "30 Rock" (2006)
Don Cheadle, "House of Lies" (2012)
Louis C.K., "Louie" (2010)
Matt LeBlanc, "Episodes" (2011)
Jim Parsons, "The Big Bang Theory" (2007)

Melhor atriz em série de TV - Comédia ou musical

Zooey Deschanel, "New Girl" (2011)
Lena Dunham, "Girls" (2012)
Tina Fey, "30 Rock" (2006)
Julia Louis-Dreyfus, "Veep" (2012)
Amy Poehler, "Parks and Recreation" (2009)

Melhor ator coadjuvante de série de TV

Max Greenfield, "New Girl" (2011)
Ed Harris, Virada no Jogo (2012) (TV)
Danny Huston, "Magic City" (2012)
Mandy Patinkin, "Homeland" (2011)
Eric Stonestreet, "Modern Family" (2009)

Cinema

Melhor filme – Drama

"Argo" (2012)
"Django Livre" (2012)
"As Aventuras de Pi" (2012)
"Lincoln" (2012)
"A Hora Mais Escura" (2012)

Melhor filme – Musical

"O Exótico Hotel Marigold" (2011)
"Les Misérables" (2012)
"Moonrise Kingdom" (2012)
"Amor Impossível" (2011)
"Seven Psychopaths" (2012)

Melhor ator – Drama

Daniel Day-Lewis, "Lincoln" (2012)
Richard Gere, "A Negociação" (2012)
John Hawkes, "The Sessions" (2012)
Joaquin Phoenix, "The Master" (2012)
Denzel Washington, "Flight" (2012)

Melhor atriz – Drama

Jessica Chastain, "A Hora Mais Escura" (2012)
Marion Cotillard, "Ferrugem e Osso" (2012)
Helen Mirren, "Hitchcock" (2012)
Naomi Watts, "O Impossível" (2012)
Rachel Weisz, "The Deep Blue Sea" (2011)

Melhor ator - Musical ou comédia

Jack Black, "Bernie" (2011)
Bradley Cooper, "O Lado Bom da Vida" (2012)
Hugh Jackman, "Les Misérables" (2012)
Ewan McGregor, "Amor Impossível" (2011)
Bill Murray, "Hyde Park on Hudson" (2012)

Melhor atriz - Musical ou comédia

Emily Blunt, "Amor Impossível" (2011)
Judi Dench, "O Exótico Hotel Marigold" (2011)
Jennifer Lawrence, "O Lado Bom da Vida" (2012)
Maggie Smith, "Quartet" (2012)
Meryl Streep, "Um Divã para Dois" (2012)

Melhor ator coadjuvante

Alan Arkin, "Argo" (2012)
Leonardo DiCaprio, "Django Livre" (2012)
Philip Seymour Hoffman, "The Master" (2012)
Tommy Lee Jones, "Lincoln" (2012)
Christoph Waltz, "Django Livre" (2012)

Melhor atriz coadjuvane

Amy Adams, "The Master" (2012)
Sally Field, "Lincoln (2012)
Anne Hathaway, "Les Misérables" (2012)
Helen Hunt, "The Sessions" (2012)
Nicole Kidman, "The Paperboy" (2012)

Melhor diretor

Ben Affleck, "Argo" (2012)
Kathryn Bigelow, "A Hora Mais Escura" (2012)
Ang Lee, "As Aventuras de Pi" (2012)
Steven Spielberg, "Lincoln" (2012)
Quentin Tarantino, "Django Livre" (2012)

Melhor roteiro

"Amour" (2012): Michael Haneke
"Django Livre" (2012): Quentin Tarantino
"Lincoln" (2012): Tony Kushner
"O Lado Bom da Vida" (2012): David O. Russell
"A Hora Mais Escura" (2012): Mark Boal

Melhor trilha sonora

"Anna Karenina" (2012): Dario Marianelli
"Argo" (2012): Alexandre Desplat
"A Viagem" (2012): Reinhold Heil, Johnny Klimek
"As Aventuras de Pi" (2012): Mychael Danna
"Lincoln" (2012): John Williams

Melhor animação

"Valente" (2012)
"Frankenweenie" (2012)
"Hotel Transilvânia" (2012)
"A Origem dos Guardiões" (2012)
"Detona Ralph" (2012)

Melhor filme estrangeiro

"Amour" (2012)
"Kon-Tiki" (2012)
"Intocáveis" (2011)
"En kongelig affære" (2012)
"Ferrugem e Osso" (2012)

Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2012/12/veja-indicados-ao-globo-de-ouro.html

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O fim do racismo?


Por Eder Ferreira e Eliana Rigo Acosta Ferreira

Em uma entrevista do ator norte-americano Morgan Freeman, quando perguntado sobre o que ele achava do mês da “consciência negra”, sua resposta foi rápida e certeira: “Ridículo”, foi o que ele disse. Seu argumento foi de que não existe um mês da consciência branca ou da consciência judaica, por exemplo, e que a melhor maneira de acabar com o racismo é simplesmente parando de falar nele.
Nesse sentido exposto por Morgan Freeman, podemos analisar a questão dos afrodescendentes sob um ponto de vista não voltado para o racismo, mas sim para suas contribuições para com a sociedade contemporânea. Temos, como um forte exemplo, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que acaba de ser reeleito. Apesar de algumas criticas de seus opositores, o balanço geral de seu governo frente à maior nação do mundo é positiva. A própria presidente Dilma afirmou que torcia para que ele continuasse na Casa Branca por mais 4 anos.E por falar no Brasil, temos o Ministro do STJ Joaquim Barbosa, que ficou famoso como relator do julgamento dos envolvidos no caso Mensalão, sendo apontado por muitos como um árduo defensor da justiça no país.
Porém, há tempos que vemos exemplos de como os afro-descendentes influenciam  positivamente nossa sociedade atual. Nas artes, muitos são os artistas que nos prestigiam com seus talentos (como o próprio ator Morgan Freeman, citado no inicio desse texto). A música mesmo é cheia de exemplos da cultura afro-ocidental. O astro do rock Elvis Presley, por exemplo, fez sucesso misturando vários ritmos da música afro-americana norte-americana de sua época.
Nos esportes, vários outros exemplos nos mostram o quando os afro-descendentes são talentosos. Pelé é até hoje reverenciado como o maior atleta do século XX. O jamaicano Usain Bolt tem se consagrado como o homem mais rápido do mundo, quebrando todos os recordes do atletismo. Porém, o caso mais emblemático ocorreu nos Jogos Olímpicos, que aconteceu em Berlin, no ano 1936, sob os olhares do líder nazista Adolf Hitler, que anos mais tarde iniciaria a Segunda Guerra Mundial, e que pretendia usar os jogos como forma de mostrar a superioridade da raça ariana. Para a surpresa do fürer, o grande destaque nas provas de atletismo foi o negro norte-americano Jesse Owens, ao ganhar 4 medalhas de ouro.
Desde que conquistaram seus direitos, os negros vem lutando para acabar de uma vez com qualquer forma de racismo que ainda possa existir. Mas, como disse Morgan Freeman, muitas vezes, para acabar com alguma coisa, é melhor fingir que ela não existe. Sem nos esquecermos, claro, de tudo o que de ruim já aconteceu. Pois, como diz o ditado, “um povo que não conhece sua história está fadado a repeti - lá”, seja para o bem, ou para o mal. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Os limites da mentira

por Eder Ferreira


     Quem nunca mentiu? Você mesmo, caro leitor, já contou alguma mentira? Olha lá em! Seja sincero! Não adianta. Não há ser humano na face da terra que não tenha dito ao menos algumas palavrinhas em falso testemunho. Parece trivial falar sobre a mentira, mas não é. Faltar com a verdade pode até ser crime, dependendo das intenções do candidato a Pinóquio. É até pecado, ocupando a 8ª colocação nos famosos e antiquíssimos 10 Mandamentos. 
     Mas, afinal, o que é a mentira? Ou melhor, quais os limites da mentira? Mentir pode ser tanto esconder a verdade como alterá-la. Mas, não para por ai. Um ator, encenando uma peça de teatro, por exemplo, não estaria mentindo, fingindo ser quem ele não é? Lógico que os espectadores sabem que tudo não passa de uma encenação. Só que, se olharmos pelo lado pratico da coisa, é uma forma de mentira sim. O próprio escritor (e ai, entro eu nessa história) é um mentiroso de carteirinha. Por mais que muitos escrevam sobre coisas reais, a maioria prefere inventar histórias fictícias, frutos da imaginação.
     E é ai que está o ponto, a imaginação. Esse é o tal limite da mentira. Mentir nada mais é que usar a imaginação para ludibriar a verdade. Inventar artifícios intelectuais para fazer com que outras pessoas acreditem naquilo que esta sendo mostrado. Mas, tais limites podem, as vezes, romperem as barreiras do bom sendo. Quando, por exemplo, um ator de novela apanha na rua, por interpretar um papel de vilão. Sua mentira, quer dizer, sua encenação, é tão boa que muitas pessoas passam a acreditar que ele realmente é mal.
     Na verdade, toda arte não passa de uma grande mentira. Uma forma inventada pela humanidade para nos esquecermos de vez em quando da realidade amarga da vida. Uma maneira de transformarmos o mundo em um lugar melhor. Ou pior, depende da mentira a ser contada, e por quanto tempo ela durará. 
     Dizem que mentira tem perna curta. Isso me faz lembrar dos bobos da corte, aqueles palhaços, geralmente anões, que divertiam os nobres europeus na idade média. Pois, muitos artistas atuais descendem desses palhacinhos medievais. Só que, nos dias de hoje, os artistas, raras algumas exceções, tem pernas longas até demais. Assim como os mentirosos. 

sábado, 8 de outubro de 2011

Infelizmente, aqui não é o japão!


por Eder Ferreira

Um jovem alucinado entre em uma escola, e mata doze jovens inocentes. Uma enchente devastadora destrói cidades do Rio de Janeiro. Uma menina é arremessado da janela de seu quarto, tendo seus pais acusados pelo crime, mesmo estes alegando inocência. Um terremoto devasta o Japão.
O que essas noticias tem em comum? Nada, é claro. Mas a diferença mais evidente é que, de todas, a mais inevitável, era o terremoto. Todas a outras, ocorridas em nossa nação tropical, poderiam ter sido evitadas, se medidas de cunho social tivessem sido tomadas no passado.
É claro que, não se pode evitar que um maluco armado invada uma escola, ou que as águas de uma chuva tremenda assolem cidades, mas o que mais assusta é que todas essas tragédias brasileiras mostram como nossa sociedade está mal preparada para os infortúnios do destino.
No caso do “Massacre de Realengo”, fica evidente que o “Americam way of life” esta chegando por aqui, ameaçando nossa paz cortada por balas perdidas. No caso da enchente, fica claro o problema da infra-estrutura que enfrentamos, e que vai nos envergonhar na Copa e nas Olimpíadas. No caso da menina Isabela Nardoni, vemos a doença que está se tornando a classe média alta brasileira, com seus delírios de grandeza.
Enfim, não temos bola de cristal para prever tais acontecimentos, mas se realmente queremos ser um pais de primeiro mundo, já passou da hora de “sermos um pais de primeiro mundo”, e não essa mescla de passado e futuro, que fica dependendo de uma ararinha azul estilizada para conquistar a atenção do mundo.
Enquanto isso, o Japão está se reerguendo a todo vapor.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Rock e piano, uma bela e harmoniosa mistura


O rock sempre foi um estilo musical transgressor e revolucionário, que inspira pessoas por todo o mundo, seja nas atitudes ou nos costumes. E, claro, na própria musica não podia ser diferente. Prova disso é o pianista estadunidense Scott D. Davis, que toca clássicos do rock e do heavy metal nesse instrumento que, a primeira vista, não tem muita relação com as pesadas guitarras e as baterias ensurdecedoras. O resultado dessa mistura entre o piano, um dos instrumentos mais belos que existe, com o rock, é uma verdadeira obra-prima, que nos revela algo totalmente novo e indiscutivelmente lindo. Confira abaixo algumas links com canções interpretadas por Davis no piano:


Notting Else Matters – Metallica:

http://www.youtube.com/watch?v=4sZK4Hd28VA


Fade to Black – Metallica:

http://www.youtube.com/watch?v=MXRRTiG1G-g&feature=related


The Unforgiven – Metallica:

http://www.youtube.com/watch?v=0VlyiN-gQww&feature=related


Stairway to Heaven – Led Zeppelin:

http://www.youtube.com/watch?v=Pedknpw57qM&feature=related


Sweet Child O Mine – Guns N’Roses:

http://www.youtube.com/watch?v=tAi6a98yf_M&feature=related


In The End – Linkin Park:

http://www.youtube.com/watch?v=8uU6YIeTTbA

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Versos íntimos, de Augusto dos Anjos

Ignorado pelos poetas da época, em especial os parnasianos, Augusto dos Anjos (1884-1914) é o único poeta a fazer parte do período conhecido como pré-modernismo. Uma das principais características de seus poemas era o uso de termos pouco usados pelos poetas, como as descobertas cientificas e temas como vermes, podridão e dilemas metafísicos. Não é a toa que ele foi chamado de “poeta do necrotério”. Logo abaixo, você conhecerá um pouco sobre o poema “Versos íntimos”, um dos mais famosos do autor.


Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Sobre o poema:


- Augusto dos Anjos publicou um único livro em vida, intitulado “Eu”, em 1912, onde se encontra o poema Versos íntimos;

- A estrutura do poema segue a forma adotada pelos parnasianos e simbolistas. Trata-se de um soneto decassílabo em ABBA/ABBA/CCD/CCD. As metáforas quimera, pantera, fera e lama, estão ligadas a um ambiente naturalista, dada a opção de vocabulário do autor;

- Há, na 2ª estrofe do poema, uma clara referência à teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin;

- O poeta faz uso de uma linguagem que escapa do ambiente formal e invade um campo de exceções ao ambiente lírico, como no verso “Toma um fósforo. Acende teu cigarro!”;

- Os versos finais, em tom mais agressivo que o normal, antecipam o que se lerá no modernismo;

- Versos íntimos foi incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", organizado por Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 61.


Para saber mais sobre o poeta pré-modernista Augusto dos Anjos, acesse http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O imperfeito mundo das cópias


por Eder Ferreira

Não é sempre que a palavra plagio surge em algum meio de comunicação, mas quando aparece, já causa todo tipo de pânico. Lendo uma linhas digitais numa dessas comunidades virtuais, descobri que uma afamada banda de pop/rock/emocore, ou qualquer assim, estaria sendo acusada de plagiar outras bandas. Não vou entrar de cabeça nesse assunto, até porque só li a tal noticia de relance, sem mais detalhes, e nem vou dizer o nome da banda em questão, por motivos éticos.
A palavra plágio, por definição, deve ter algum sentido. Não vou sair atrás dum dicionário agora, mas deve ter. Porém, sem léxico algum, tal palavra nos remete a outra: cópia. Já na Grécia antiga, o filósofo Platão refletia muito sobre tal assunto. Dizia ele que existe um mundo perfeito e imutável, o das idéias, e que nosso mundo material não passa de uma mera cópia dessa perfeita idealização. Um exemplo: no mundo das idéias existiria um cavalo perfeito, sem defeitos, lindo, forte, saudável e tudo mais. Enquanto isso, em nosso mundo de carne, osso e metal, existem os cavalos que tanto conhecemos. Porém, esses equinos reais seriam apenas cópias do tal cavalo ideal. E, assim como uma folha fotocopiada (para evitar xerocada), a cópia não fica exatamente perfeita. Por isso um cavalo real pode ficar doente, não ser tão bonito como se imagina e, claro, pode morrer.
Isso se aplicaria a tudo e a todos. Só que o processo de cópias não para aí. Tudo o que existe no mundo real pode ser copiado. Um quadro, uma escultura, um texto (Deus me livre!) e até uma banda. Mas, quanto mais se copia algo, mais imperfeito fica.
Pois bem. Se a tal banda plagiou (ou copiou, como preferirem) outra, segundo Platão, a tendência é de que ela não conseguirá alcançar a perfeição que tanto busca. Se bem que, sinceramente, nunca gostei dessa banda copiadora. Sempre achei o som deles sem conteúdo. Talvez seja o sinal evidente da imperfeição defendida pelo discípulo de Sócrates (Platão, caso surja dúvidas).
Espero que esse exemplo não seja seguido, e cada um crie aquilo que lhe surgir na cabeça, e não copie de outros. “Nada se cria, tudo se copia” é um dos piores ditados já criados (ou copiados) até hoje.
Só mais uma coisa: esse texto que aqui chega ao fim não é uma cópia, mas, nem por isso é perfeito, já que no mundo das idéias existe um texto perfeito e blá, blá, blá...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O que você pode falar, afinal?

A onda politicamente correta cresceu a ponto de tolher a liberdade de pensamento. O maior problema, porém, é outro: a reação torna tudo o que é incorreto "bacana". E abre espaço para a intolerância.

por Maurício Horta

"Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra c... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus." A fala é de um show de comédia stand-up de Rafinha Bastos. O Twitter foi inundado de mensagens com variações do tema proposto por Mayara Petruso - a estagiária de direito que recomendou o afogamento de nordestinos. Claro que nem Rafinha está defendendo o estupro nem os afogadores de imigrantes são necessariamente homicidas em potencial.
Boa parte dessa truculência é uma reação à onda politicamente correta das últimas décadas. A incorreção, nesse sentido, virou uma arma para defender a liberdade de expressão, que só existe quando você também é livre até para pensar o impensável e dizer o impronunciável.
Mas o que acontece quando o impensável agride o próximo gratuitamente? Para entender como chegamos a esse nó, vamos para a origem do termo "politicamente correto". Ele apareceu pela primeira vez com um significado bem diferente do que usamos hoje: na China dos anos 30, para denotar a estrita conformidade com a linha ortodoxa do Partido Comunista, tal como enunciado por Mao Tsé-tung. Mas o significado com que a expressão chegou até nós é uma criação dos Estados Unidos dos anos 60.
Na época, universitários americanos abraçaram a defesa dos direitos civis, seja das mulheres, seja dos negros. Era uma época de transformações na sociedade: as empresas e universidades, antes habitadas exclusivamente por homens brancos, agora viam chegar mulheres, negros, gays, imigrantes. Era preciso ensinar as pessoas a conviver com a diferença.
Nisso, negro virou african-american, ("afro-americano"), fag ("bicha") virou gay ("alegre"). O paradoxal aí é que, pela primeira vez na história americana, quem buscava estender os direitos civis também advogava por uma limitação na liberdade de expressão.
O passo seguintes viria com os anos 90. Mais especificamente com a derrocada do mundo comunista. O fim do socialismo mudou a agenda dos grupos de esquerda. Se antes a busca pela igualdade era a busca pela diminuição das diferenças entre as classes sociais, agora era pela eliminação das "classes pessoais". Tratava-se de não estigmatizar as pessoas por aquilo que elas eram - afinal, não faz sentido aumentar o peso do fardo que cada um tem de carregar na vida. Dessa maneira, não bastava combater só o sexismo e o racismo. E "obesidade" virou "sobrepeso"; "deficiência física" virou "necessidade especial"...
Só que o método, por mais bem-intencionado que seja, é inócuo. Quem explica por que é o francês Ferdinand Saussure, o pai da linguística, num texto de 1916: "De todas as instituições sociais, a linguagem é a que oferece menor margem a iniciativas". Ela é utilizada por todos os membros de uma comunidade, que, por esta ser naturalmente inerte, acaba por conservar a linguagem. Qualquer interferência tende a ser rechaçada.
É aí que o debate começa, Politicamente corretos ficam do lado do conselho que a sua mãe dava: seu direito termina onde começa o do outro. Se o próximo se sente ofendido, você não pode falar. Ponto.
Parece um argumento inatacável. Mas tem um problema aí: quem é o juiz para decidir o que é certo e o que é errado, o que ofende e o que não ofende? Onde fica a liberdade de pensamento, de expressão? A ideia de que o direito de um termina onde começa o do outro vale aqui também: pode alguém retirar o direito do outro de dizer o que pensa?
Talvez por isso a transformação ideológica de palavras seja tão utilizada por governos: é uma ótima forma de revogar o direito de pensar. Tanto regimes autoritários - como o apartheid sul-africano, em que a palavra "miscigenação" virou "imoralidade" - quanto democráticos - como o dos EUA, que usou o termo "guerra preventiva" para o ataque unilateral ao Iraque - usaram do expediente. No mundo dopoliticamente correto isso é o equivalente a chamar de "melhor idade" a época da vida em que vemos multiplicar o valor do plano de saúde.
De boa intenção, o politicamente correto passa a ser visto como hipocrisia. E de hipócrita a algo fundamentalmente errado. Como lidar com o excesso de correção política, então? Não temos a pretensão de dar uma resposta definitiva. Mas sair xingando os outros de gordo, aleijado, retardado e baranga estuprada é que não vai ser. Se fosse engraçado, talvez até funcionasse.Mas não. Não é .

Fonte: site http://super.abril.com.br/cultura/voce-pode-falar-afinal-631849.shtml