sexta-feira, 26 de abril de 2013

A primeira vítima (Soneto Zumbi)


por Eder Ferreira

Quando a morte enfim caiu sobre mim
Senti que uma nova vida ali começava
O que era claro, escuro então se tornava
Um inicio onde todos veriam um fim

De minha inércia aparente, me levantei
Desequilibrado, turvo, com a voz calada
Uma fome insuportável surgiu do nada
A mente confusa... o que houve, não sei

O cheiro que de mim saia não incomodava
E o desejo por carne humana só aumentava
Vaguei na esperança de sanar minha aflição

Foi então que senti o odor da carne viva
Uma linda mulher, assustada, tão altiva
Fiz dela minha primeira e maldita refeição

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Amantes da Morte (Poema Zumbi)


por Eder Ferreira


Sob grunhidos silenciosos
Seguimos nossa sina
Andando por entre o caos
Sem rumo, sem pressa
No odor pútrido da loucura
No horror dessa semi-vida
Vamos juntos, pela estrada

Eu, em minha veste queimada
Você, com seu vestido rasgado
Minha boca, vermelha de sangue
Enquanto a sua, de certa forma
Ainda deixa transparecer
Os lábios que um dia
Já foram tão quentes

Seu corpo, em decomposição
Que ainda guarda a beleza
Das femininas curvas de outrora
Hoje sente o peso da culpa
Por essa fome que não cessa
Por essa maldição infeliz
Por essa insanidade acometida
Sem nem sabermos o porquê

Só sei de uma coisa
Apesar de todos nos verem
Como criaturas sem alma
Sei, que dentro de nós
Existe uma chama
Uma fagulha de vida

E, por isso, vamos 
Sem destino, sem norte
Inimigos da vida
Mas amantes da morte