terça-feira, 22 de outubro de 2013

Não é um poema de amor


por Eder Ferreira


Primeira tacada:
o (des)amor me
disse frases
de amor
MEUS DEUS
QUANTO AMOR!!!
(ora
bolas
de bilhar)
o que é amar?
senão uma sinuca de
bico... como
aquele feito
na hora de beijar
de amar
de se entregar
ao jogo
rumo a mais uma
inevitável
vitória
(derrota)
:game oveR

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dois poemas sobre a morte


por Eder Ferreira


Pesadelo inevitável

A cama se acende em lírios
Flores oníricas ilusórias
Coletânea de reles devaneios
Noturnas lágrimas irrisórias

Rio muito em pesadelos
Pelo caudaloso rio da escuridão
Na noite, na frieza, na cama
Ouço a dormente e breve canção

Durmo rápido, soturnamente
Esquecendo as flores sobre mim
Sentindo o cheiro cadavérico
Na plenitude de um lento fim

Não acordado, em êxtase puro
Sem espaço, sem ar, sem nada
Sob o choro breve falsificado
A liberdade que me foi tirada



O silêncio

A vida rítmica a que estão as almas
Em corpos dançantes, cheios de bolsos
Onde as moedas cabem
Apertadas, entre pentes, celulares e armas invisíveis
É a vida que elogia a morte
Temendo a chegada
O fim trágico que não se quer
A aleivosa melodia que se canta aos filhos
Nada fica, tudo vai
Amor, desamor, favor
E o som da voz dos maestros e ouvintes
Só fica o rancor, pelo ritmo que acaba
Na batida imperfeita e inaudível
Sobre a madeira da caixa

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Capitalismo literário


por Eder Ferreira


não trabalho com o falso
e sim com a realidade
forçada
(iniquidade)
a ordem do lema
(já sem trema)
ordinária mania
literatura de periferia
não trabalho...
(desemprego cultural)
...todos os dias
... ... ...
reticências obrigatórias
moratória
o “eu”, o “nós”
minha palavra, minha voz
a profissão de fé
se extingue nas prateleiras
quando as literárias asneiras
vão para a sacolinha
e eu (sem aspas)
destruo minha escrivaninha
não preciso dela
nem de nada
só de chance
“pra matá as lumbriga”
e de um lanche
já que “pra nóis”
livro não enche barriga...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Antologia "Poesia Todo Dia"



     Mais do que um livro de poesias, "Poesia Todo Dia" é uma obra de amor. Ao adquirir esse livro, você fará parte de uma rede de pessoas que se doaram de inúmeras formas em benefício da APAE DE SÃO PAULO e sua missão de promover a prevenção e a inclusão da pessoa com Deficiência Intelectual, pois os direitos autorais obtidos com as vendas dos livros serão doados integralmente à instituição. O "Poesia Todo Dia" foi um concurso cultural realizado pela AlphaGraphics, para o qual centenas de Poetas do Bem das mais diversas localidades no Brasil doaram mais de 1.000 poesias, das quais 365 foram selecionadas para compor o livro homônimo. E este livro ainda conta a com o poema "Incertezas", do escritor siqueirense EDER FERREIRACompre. Dê de presente. Divulgue. "Poesia Todo Dia" fará bem ao seu coração e às crianças da APAE DE SÃO PAULO. Para adquirir seu exemplar CLIQUE AQUI.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Decálogo ao Jovem Escritor - Parte 1

por Eder Ferreira


     O Jornal Literário Rascunho (clique aqui) publicou uma série de textos onde convidou sete escritores renomados e experientes para escreverem dez dicas aos jovens (ou não tão jovens) que pretendem se aventurar no universo da literatura. Achei muito interessante e informativo, e resolvi postar essas dicas aqui no meu blog. Cada post será de um escritor, e ai vai o primeiro:


Luiz Antonio de Assis Brasil

1. Ler apenas quem escreve melhor do que nós.
2. Tentar descobrir nossa “medida”, isto é: o meio-caminho ideal entre ser explícito e ser obscuro. Quem descobre a medida, como Hemingway descobriu, ganha o Nobel.
3. Ler, ler muito. Escrever, escrever muito. Todos os dias.
4. Escutar os outros sobre nossos próprios textos. Mas esses outros precisam ter duas qualidades complementares: a) competência para análise de textos literários; b) sinceridade. É raríssimo encontrar pessoas com ambas qualidades.
5. Escrever aquilo que se gosta de ler. Se gostamos de textos simples, por que escrevermos complicado?
6. Ter sempre um caderno de notas no bolso, ou algo semelhante. Ele deve ficar à nossa cabeceira, à noite. As idéias nos alcançam quando menos esperamos.
7. Saber que o sucesso e a qualidade literária pertencem a universos diferentes.
8. Fugir da vida literária; isso só desintegra o fígado e cria inimigos, para além de ser uma colossal perda de tempo.
9. Criar espaços (emocionais, físicos, cronológicos) para exercitar a literatura, mesmo que isso signifique abdicar de coisas aparentemente necessárias.
10. Pensar como escritor, isto é, conotativamente. Deixar o pensamento dedutivo apenas para quando estivermos estruturando nosso romance. No plano textual, usar de preferência conjunções coordenativas, em vez das subordinativas.

Luiz Antonio de Assis Brasil é autor de O pintor de retratos, A margem imóvel do rio, entre outros. Vive em Porto Alegre (RS).

A Caixa de Pandora


por Eder Ferreira


Dentre todos os males que ela deixou escapar
Com sua feminina mania de acreditar no mundo
Uma se mostrou a dor que vem lá do fundo
De toda alma que se atormenta em querer amar

Na curiosidade que se fez, a caixa foi violada
Deixando fugir as lástimas por esta Terra
Onde um dia reinava a paz, tudo virou guerra
A voz que um dia cantou belezas foi calada

Oh, Pandora, em sua vil e errada ingenuidade
Fez do mundo um lugar de pura insanidade
Transformou a beleza num eterno tormento

Porém, ela nunca soube da verdade em ardor
Da caixa escapou um sentimento, o amor
Que agora recebe a alcunha de sofrimento

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Uma Verdadeira Prosa

por Eder Ferreira


Imagine intrépido leitor (ou leitora) se, um dia, os gêneros literários se personificassem, e começassem a dialogar entre si. Pois deixe de imaginar e confira o resultado:

SONETO: Sou eu, o melhor entre todos; aquele que versifica o mundo; e mostra aos pobres tolos; como, ao coração, ir bem fundo...

POESIA: Cale-se, Soneto moralista. Não vê que está ultrapassado; Agora sou eu, que graças aos modernos versifico esse mundo injusto e ingrato...

SONETO: Não me fingirei de morto; seguirei firme em caminhar; e, no mais belo horto...

CONTO: Por favor, deixe-me falar, senhor Soneto. Gostaria de lhes contar...

CRÔNICA: Lá vem esse Conto metido! Mas afinal, é conto de que? De réis? Ou seria do vigário?!

POESIA: Sempre assim, a afamada Crônica. Sei que, como o expoente da nova prosa, engrandece-se em dizer suas ironias; mas, cuidado, advirto-lhe; não há prosa que vença a insanidade acometida da Poesia e seus encantos líricos!

ENSAIO: Estava ali, logo ao lado, a dialogar com meu amigo, o Tratado, e acabei por escutar o que conversavam. Tenho uma breve teoria sobre esse debate que tão acaloradamente iniciaram...

CRÔNICA: Breve? Breve é meu salário! Ta certo que o Tratado é pior que você, mas bem que tu não fica pra trás. Quando começa a falar não para mais.

ROMANCE: “Rapidamente, ela viu seu amado adentrar-se pela porta. Não aguentou, e suas lágrimas escorreram pelo seu rosto liso e belo.” E então, gostaram? Estou quase terminando.

CONTO: Meu caro Romance. Sabe que suas histórias são demasiadas extensas. Tem que criar coisas mais simples.

ENSAIO: Pois bem, agora o debate chegou no ponto certo. Posso começar a narrar minhas teorias sobre o tamanho ideal de um texto?

TODOS: NÃO!!!

CONCLUSÃO: Com licença. Posso me meter na conversa de vocês?

POESIA: Quem é tu, cara de tatu! Ahahahah!!! Por que estão me olhando com essa cara?! Nunca leram poesias humorísticas?

CRÔNICA: É, quem é você, cara de fuinha?!

CONCLUSÃO: Meu nome é conclusão.

SONETO: Conclusão? Rima com coração...

ENSAIO: Seus tolos. A conclusão é quem encerra alguns tipos de textos.

ROMANCE: Que tipos de textos? Não me lembro de nenhum texto meu ter sido encerrado por essa tal conclusão.

ENSAIO: Geralmente ela encerra Ensaios, Artigos, Tratados, e outros textos mais técnicos. Não se preocupem. Ela não pode encerrar esse texto.

CONCLUSÃO: É aí que você se engana. “E para encerrarmos esse texto sem nenhuma importância técnica, é importante frisarmos que em nada ele colaborou para o engrandecimento dos principais interessados: os leitores.”

ANEXO: Calma lá! Se esqueceram de mim, não é? Não tenho muito espaço para ceder, mas se alguém quiser dizer alguma coisa?

SONETO: Eu tenho algo a perguntar: O que rima com inércia?

CONTO: Pelo menos esse texto foi classificado como Conto. Aqui pra você Romance!

CRÔNICA: Cara de fuinha!

FIM

Esse conto foi publicado originalmente no livro "Uma Verdadeira Prosa - Contos & Minicontos". Para saber mais clique aqui