por Eder Ferreira
Sob grunhidos silenciosos
Seguimos nossa sina
Andando por entre o caos
Sem rumo, sem pressa
No odor pútrido da loucura
No horror dessa semi-vida
Vamos juntos, pela estrada
Eu, em minha veste queimada
Você, com seu vestido rasgado
Minha boca, vermelha de sangue
Enquanto a sua, de certa forma
Ainda deixa transparecer
Os lábios que um dia
Já foram tão quentes
Seu corpo, em decomposição
Que ainda guarda a beleza
Das femininas curvas de outrora
Hoje sente o peso da culpa
Por essa fome que não cessa
Por essa maldição infeliz
Por essa insanidade acometida
Sem nem sabermos o porquê
Só sei de uma coisa
Apesar de todos nos verem
Como criaturas sem alma
Sei, que dentro de nós
Existe uma chama
Uma fagulha de vida
E, por isso, vamos
Sem destino, sem norte
Inimigos da vida
Mas amantes da morte
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