terça-feira, 11 de março de 2014

Obra inacabada



por Eder Ferreira


o livro da vida foi escrito
com tinta fresca, ao acaso das palavras
ao relento, sob a lua clara
que ilumina o destino de quem vive
a história surgiu, do nada, de graça
as decisões foram tomadas, escritas
a cada letra, a cada linha, em cada gênero
o conto, da breve vida que se foi
o romance, da vida deveras mal vivida
o poema, de quem sofreu por amor
a página virada, rasgada, amassada
o livro da vida, e da morte
da liberdade aprisionada
pelas ações inarráveis
lamentos em forma de texto
sem a coerência dos iguais
sem a coesão dos bons momentos
sem a revisão de um ser superior
o livro da morte, e da vida
escrito às cegas, sob olhares
criado por criaturas mal criadas
redigido por quem nunca aprendeu
o significado da palavra viver

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Baile de máscaras


por Eder Ferreira


a festa começou
danças e gritos
de dor e amor

o bacanal eterno
adoração da carne
sem laço fraterno
sem nexo (só sexo)

o feriadão teve inicio
prolongado risco

no meio, a fúria
da natureza conturbada
de um lado, a grana
desavergonhada
do outro a culpa
pelos erros futuros

e na frente de tudo
a máscara fatal
do pecado carnal
escondendo em luxo
a ancestral vergonha

furtiva brasilidade
santa brevidade

debaixo de escândalos
sob falsos risos

logo, será a bola
que irá rolar
ao lado das cabeças

uma pena (capital)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Em busca do tempo perdível


por Eder Ferreira

Um belo poema, de amor ou de dor 
Um romance, contando nossa história 
Algo que se fixe rápido na memória 
E que nunca mais perca seu valor 

Uma pintura, desenho, ou escultura 
Pinceladas, retratando a paisagem 
Fotografias que eternizem a imagem 
Do tempo se partindo em ruptura 

Um pedaço do futuro no passado 
Na tentativa de buscar a eternidade 
Criamos um mundo historiografado 

No medo de não entramos nos anais 
Já que a vida é finita em sua verdade 
Façamos algo que nos tornem imortais

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Palco descoberto


por Eder Ferreira


Mais uma vez errei
Na aurora de minha vida
Já tão escurecida
Enterrei sorrisos
Numa manhã plácida
Que transformei em noite fria
Outra vez, sob juras
Soterrado por lágrimas
Que eu mesmo plantei
Nos olhos calejados
De quem jurei não machucar
Erros e acertos
Paradoxos da vida
Que dançam na penumbra
Desse palco desumano
Onde não passamos
De meros fantoches
Para o insano e vil destino

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

(re)contos, novo livro de Eder Ferreira



Novo livro do escritor siqueirense Eder Ferreira, esta obra trás contos diversos, entre eles, textos que não entraram no livro “Uma Verdadeira Prosa” de 2010, histórias publicadas somente na internet e um conto totalmente inédito, Dança da morte. Uma particularidade desse livro é o fato de não ter sido publicado por nenhuma editora, mas sim pelo próprio autor, que monta os livros de maneira quase artesanal. Para adquirir exemplares entre em contato com o autor pelo e-mail ederliterato@gmail.com 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Não é um poema de amor


por Eder Ferreira


Primeira tacada:
o (des)amor me
disse frases
de amor
MEUS DEUS
QUANTO AMOR!!!
(ora
bolas
de bilhar)
o que é amar?
senão uma sinuca de
bico... como
aquele feito
na hora de beijar
de amar
de se entregar
ao jogo
rumo a mais uma
inevitável
vitória
(derrota)
:game oveR

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dois poemas sobre a morte


por Eder Ferreira


Pesadelo inevitável

A cama se acende em lírios
Flores oníricas ilusórias
Coletânea de reles devaneios
Noturnas lágrimas irrisórias

Rio muito em pesadelos
Pelo caudaloso rio da escuridão
Na noite, na frieza, na cama
Ouço a dormente e breve canção

Durmo rápido, soturnamente
Esquecendo as flores sobre mim
Sentindo o cheiro cadavérico
Na plenitude de um lento fim

Não acordado, em êxtase puro
Sem espaço, sem ar, sem nada
Sob o choro breve falsificado
A liberdade que me foi tirada



O silêncio

A vida rítmica a que estão as almas
Em corpos dançantes, cheios de bolsos
Onde as moedas cabem
Apertadas, entre pentes, celulares e armas invisíveis
É a vida que elogia a morte
Temendo a chegada
O fim trágico que não se quer
A aleivosa melodia que se canta aos filhos
Nada fica, tudo vai
Amor, desamor, favor
E o som da voz dos maestros e ouvintes
Só fica o rancor, pelo ritmo que acaba
Na batida imperfeita e inaudível
Sobre a madeira da caixa