sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dois poemas sobre a morte


por Eder Ferreira


Pesadelo inevitável

A cama se acende em lírios
Flores oníricas ilusórias
Coletânea de reles devaneios
Noturnas lágrimas irrisórias

Rio muito em pesadelos
Pelo caudaloso rio da escuridão
Na noite, na frieza, na cama
Ouço a dormente e breve canção

Durmo rápido, soturnamente
Esquecendo as flores sobre mim
Sentindo o cheiro cadavérico
Na plenitude de um lento fim

Não acordado, em êxtase puro
Sem espaço, sem ar, sem nada
Sob o choro breve falsificado
A liberdade que me foi tirada



O silêncio

A vida rítmica a que estão as almas
Em corpos dançantes, cheios de bolsos
Onde as moedas cabem
Apertadas, entre pentes, celulares e armas invisíveis
É a vida que elogia a morte
Temendo a chegada
O fim trágico que não se quer
A aleivosa melodia que se canta aos filhos
Nada fica, tudo vai
Amor, desamor, favor
E o som da voz dos maestros e ouvintes
Só fica o rancor, pelo ritmo que acaba
Na batida imperfeita e inaudível
Sobre a madeira da caixa

Nenhum comentário:

Postar um comentário