por Eder Ferreira
Sempre que
inicio um novo trabalho literário, seja um texto, ou mesmo um livro, um milhão
de coisas passam pela minha mente (hipérbole descarada!). Penso se alguém irá
gostar, ou ao menos ler, aquilo que escreverei. Analiso os pormenores desse
oficio fatídico. Pergunto-me se não estaria prestes a perder uma parcela
valiosa de meu tempo. Ou seja, não penso em nada que preste.
Depois, de
tanto torrar neurônios à toa, começo então a escrever. As palavras vão
surgindo. Se for um poema, tenho que digladiar com minha criatividade, para ver
se arranco dela alguma metáfora ou algum lirismo ponderado. Se for um texto em
prosa ficcional, tipo um conto, ou mesmo não ficcional (como esse que agora você
lê), tento trabalhar as palavras de maneira a solidificar a aquosidade das ideias
que teimam no caos de meu cérebro já cansado.
Vejam então,
meu caro leitor, o quanto é difícil escrever. Se ainda não viu dificuldades,
pense nos vestibulandos. Quantos se preparam por meses, ou até anos, para
esbarrarem na famosa e temida redação. Montar um texto que agrade a banca
examinadora não é tarefa fácil. Agora, imagine meu caso, onde tenho que agradar
uma banca ilimitada, formada por pessoas que não tem a menor obrigação de ler
quaisquer linhas que me atrevo a escrever. E, ao invés de notas, essa banca dá
apenas pitacos. Ao invés de aprovação, a confiança necessária para vasculharem
as prateleiras de uma livraria ou biblioteca atrás de um livro meu. E, ao invés
de reprovação, a pior de todas as punições: o desdém.
Mas, a pior
parte, vem assim que o texto, ou livro, fica pronto. O que fazer? Publicar o
texto na internet? Sair atrás de patrocínio para o livro? Só resta caçar algum
concurso literário que dê como prêmio a tão sonhada publicação, ou uma boa
grana.
Escrever não é
oficio para qualquer um. O peso é grande. A responsabilidade também. As únicas
coisas pequenas são o dinheiro e o reconhecimento. Ah, e a vontade de desistir.
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