por Eder Ferreira
As pessoas odeiam ler, isso é uma realidade. É claro que
essa afirmação não pode ser lida de maneira generalizada, pois existem muitos
leitores ávidos por ai. Mas, mesmo essa frase, tão tendenciosa e exagerada,
esconde uma verdade cruel e inevitável: vivemos em um mundo onde cada vez menos
as pessoas se interessam por literatura. E, mesmo que a generalização não seja
a melhor forma de criticar o martírio por que passam os escritores
independentes brasileiros, talvez esteja na hora de encararmos essa questão com
certo radicalismo. É certo que toda forma de radicalizar o problema, seja ele
qual for, não é correta. Mas, se deixarmos as coisas como estão, em breve
viveremos em uma sociedade que tratará os livros como peças de museus e os
leitores como lendas urbanas. Os escritores consagrados, autores de best-sellers
e demais literatos que se deliciam com o bolo inteiro, sem deixar sequer uma
migalha para os escritores independentes, não se importam com tal previsão apocalíptica,
pois acreditam que seus textos e livros estarão sempre bem guardados nas
gavetas sem trancas da história. Porém, vale a pena lembrar-lhes que o cadeado
da ignorância já teve muitos nomes, como inquisição, ditadura, censura, entre outros
mais, e que, mesmo em um mundo como o nosso, onde o conhecimento navega livre
pela rede mundial de computadores, sempre é possível que alguém crie um novo
nome para a estupidez humana. Um nome, inclusive, que nem os afamados
escritores, considerados deuses literários, vão conseguir decifrar a tempo.
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