quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O fim do racismo?


Por Eder Ferreira e Eliana Rigo Acosta Ferreira

Em uma entrevista do ator norte-americano Morgan Freeman, quando perguntado sobre o que ele achava do mês da “consciência negra”, sua resposta foi rápida e certeira: “Ridículo”, foi o que ele disse. Seu argumento foi de que não existe um mês da consciência branca ou da consciência judaica, por exemplo, e que a melhor maneira de acabar com o racismo é simplesmente parando de falar nele.
Nesse sentido exposto por Morgan Freeman, podemos analisar a questão dos afrodescendentes sob um ponto de vista não voltado para o racismo, mas sim para suas contribuições para com a sociedade contemporânea. Temos, como um forte exemplo, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que acaba de ser reeleito. Apesar de algumas criticas de seus opositores, o balanço geral de seu governo frente à maior nação do mundo é positiva. A própria presidente Dilma afirmou que torcia para que ele continuasse na Casa Branca por mais 4 anos.E por falar no Brasil, temos o Ministro do STJ Joaquim Barbosa, que ficou famoso como relator do julgamento dos envolvidos no caso Mensalão, sendo apontado por muitos como um árduo defensor da justiça no país.
Porém, há tempos que vemos exemplos de como os afro-descendentes influenciam  positivamente nossa sociedade atual. Nas artes, muitos são os artistas que nos prestigiam com seus talentos (como o próprio ator Morgan Freeman, citado no inicio desse texto). A música mesmo é cheia de exemplos da cultura afro-ocidental. O astro do rock Elvis Presley, por exemplo, fez sucesso misturando vários ritmos da música afro-americana norte-americana de sua época.
Nos esportes, vários outros exemplos nos mostram o quando os afro-descendentes são talentosos. Pelé é até hoje reverenciado como o maior atleta do século XX. O jamaicano Usain Bolt tem se consagrado como o homem mais rápido do mundo, quebrando todos os recordes do atletismo. Porém, o caso mais emblemático ocorreu nos Jogos Olímpicos, que aconteceu em Berlin, no ano 1936, sob os olhares do líder nazista Adolf Hitler, que anos mais tarde iniciaria a Segunda Guerra Mundial, e que pretendia usar os jogos como forma de mostrar a superioridade da raça ariana. Para a surpresa do fürer, o grande destaque nas provas de atletismo foi o negro norte-americano Jesse Owens, ao ganhar 4 medalhas de ouro.
Desde que conquistaram seus direitos, os negros vem lutando para acabar de uma vez com qualquer forma de racismo que ainda possa existir. Mas, como disse Morgan Freeman, muitas vezes, para acabar com alguma coisa, é melhor fingir que ela não existe. Sem nos esquecermos, claro, de tudo o que de ruim já aconteceu. Pois, como diz o ditado, “um povo que não conhece sua história está fadado a repeti - lá”, seja para o bem, ou para o mal. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

12 (ou seriam 14?!) dicas para você ser tornar um(a) escritor(a)



Por Eder Ferreira

Dica número zero: antes de qualquer coisa, é preciso ser alfabetizado(a), senão fica difícil (Se você não for alfabetizado, e alguém estiver lendo isso para você, existem vários cursos de alfabetização por aí...).

1- Leia muito, desde os clássicos da literatura (CLIQUE AQUI) até autores contemporâneos e revistas (CLIQUE AQUI);
2- Comece escrevendo textos curtos, de preferência poesias;
3- Escreva, erre, escreva de novo, erre de novo... uma hora você acerta;
4- Se puder, faça uma faculdade de Letras ou Jornalismo (CLIQUE AQUI) - não que isso seja essencial, mas ajuda muito;
5- Se não puder fazer uma faculdade, estude um pouco de teoria literária (CLIQUE AQUI), gêneros literários (CLIQUE AQUI), escolas literárias (CLIQUE AQUI), noções de estilo, tempo, redação (CLIQUE AQUI), etc;
6- Estude também um pouco de gramática e ortografia (CLIQUE AQUI). E não tenha vergonha de consultar o dicionário (CLIQUE AQUI). Ele existe para isso mesmo;
7- Entre em contato com outros escritores (CLIQUE AQUI). A maioria é gente boa, e a troca de experiências e informações pode ser muito útil;
8- Aceite críticas. São elas que vão lhe dizer se você está no caminho certo, e não os elogios;
9- Encare o ato de escrever como arte, e não como passatempo. Valorize-se;
10- Não tenha vergonha de mostrar seus textos. Lembre-se: você quer escrever um livro, e não um diário...
11- Participe de concursos literários (CLIQUE AQUI). Além de servirem como experiência, podem lhe render uma graninha (ou até a publicação de seu livro);
12- Procure um site literário (CLIQUE AQUI), onde você pode publicar seus textos, receber a opinião de outros membros e também opinar sobre textos de outros autores.

Dica extra: não se preocupe se ainda não conseguiu publicar seu livro. Uma hora dessas dá certo (CLIQUE AQUI).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Minha Eterna Flor

por Eder Ferreira


Troco um poema por uma flor
Lírico perfume; Estrofe florida
Um verso carregado de amor
por uma rosa tão cheia de vida

Troco a chance que me foi dada
para estar ao seu lado agora
como a semente que foi lançada
na terra onde uma rosa aflora

Troco uma pétala por um verso
Um amor perdido por um distante
A infinitude por um beijo eterno
Uma bela flor por um breve instante

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Areté

por Eder Ferreira 
 
5 de novembro, data sem emoção
Isso, pra quem tá longe da capoeira
Porque pros brazucas de coração
Hoje é o Dia da Cultura Brasileira

Poética homenagem a todos os artistas, folcloristas e agentes culturais, que lutam diariamente pelo bem mais precioso do povo brasileiro: a nossa cultura! Dia 5 de novembro, Dia da Cultura Brasileira!

Areté: Dia festivo, em Tupi

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O príncipe violinista

por Eder Ferreira

     Das melodias que ouvira, nenhuma tinha tanta paixão e melancolia quanto aquela. Talvez até já tivesse escutado algo tão belo, mas não conseguia se lembrar de algum momento de tanta beleza. O som do violino parecia que vinha do céu, preenchendo o ar e fazendo com que qualquer um que passasse ao entardecer, pela Rua da Alvorada, ficasse extasiado de tanta doçura e tristeza misturadas. A música vinha de uma casa, já velha, sem muito brilho, quase que por desabar. Flora se encantava sempre que voltava da escola. Chegava a parar por alguns minutos, só para poder escutar aquela música divina. Indagava-se sobre quem poderia tocar tão maravilhosamente um violino, instrumento que ela tentara aprender, mas sem muito sucesso. A vergonha não lhe permitia bater palmas e perguntar quem era o instrumentista que a encantava todo fim de tarde. É claro que, em sua cabecinha juvenil, de menina com seus quatorze anos, montava a idéia de o músico ser um rapaz com seus vinte e poucos anos, lindo de morrer e que, sem muitos recursos financeiros para fazer aulas de violino, aprendera a tocar sozinho, e ficava ali, todos os dias, no mesmo horário, ensaiando. Pensara até em um nome para ele: Marcos. Alto, olhos verdes, olhar tímido. Um príncipe, não só em beleza como também em talento. Numa tarde, dessas meio chuvosas, quando veio a estiagem de alguns minutos, quase suficiente para Flora ir embora, pois esquecera de levar o guarda-chuva, passava ela pela Rua da Alvorada quando viu um senhor, de idade avançada, saindo pelo portão enferrujado daquela casa velha, onde morava seu violinista dos sonhos. Eufórica, pensou logo em se tratar do pai ou avô do rapaz, o tal Marcos, que ela nomeara. Tomou coragem e foi até lá, perguntar ao velho sobre quem tocava aquelas músicas tão belamente. O velho lhe disse que era ele mesmo quem tocava o violino. O mundo de Flora desabou naquele instante. Não havia Marcos algum, e seu príncipe violinista não passava de um senhor quase careca, de voz rouca e sem charme algum. Meio sem querer ela deixou escapar um “Marcos”, que o velho logo escutou. Perguntou à moça o que dissera, e ela, com olhar de curiosidade, repetiu o nome. O velho disse se tratar do nome de seu neto, que morrera a pouco mais de um ano, em um acidente de carro, quando ia para um festival de violino. O velho despediu-se então da jovem, e seguiu pela calçada, até virar a esquina. Flora ficou lá, parada, no meio da calçada, quando recomeçou a chover finamente. “Então o Marcos existiu”, pensou ela, com um leve sorriso no rosto. Vagarosamente começou a andar em direção à sua casa. A chuva logo engrossou, mas ela não acelerou o passo. Foi lentamente embora, relembrando uma das músicas que sempre ouvira o velho tocar nos fins de tarde. O tom melancólico das canções que ouvia agora fazia sentido. Quem sabe aquele velho não tocava as músicas tristes pensando no neto Marcos, que havia morrido. Flora começou a chorar e, misturada às suas lágrimas, a chuva escorria pelo seu rosto. A música não saia de sua cabeça, e nem a lembrança de seu príncipe violinista, que ela só conhecera por intermédio do som de um violino, tocado por um velho músico desconhecido.


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Conto publicado originalmente no livro "Uma Verdadeira Prosa - Contos & Minicontos", do escritor Eder Ferreira (para adquirir o livro clique aqui)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dois mundos

por Eder Ferreira


Enquanto uns cospem
Outros engolem seco
Um gosto amargo
Uma lastima caída

Recolhem em si
A esperança perdida
De toda sorte contida
No azar sorridente

E nesta terra ardente
Deste planeta hábil
Mora a incerteza
Da fé não amada

Tantos que cantam
Que sofrem em pranto
Numa festa sem fim
Num riso aparente

Outros que oram
De pecado em pecado
Num sonho alado
Devaneio, senil

Neste mundo duplo
Sentidos em êxtase
De um lado o sagrado
De outro o profano

Entre a vida capital
E a morte divina
Resta só a dúvida
Tão suave e mortal

Será que no fim
Cada palavra e ação
Farão a diferença
Entre os dois mundos?

Enquanto uns rezam
Outros tantos fornicam
Ambos sem rumo
Na certeza do risco

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Minha amada desconhecida – Poema II


por Eder Ferreira


Outra vez eu disse adeus
A alguém que nunca tive
Novamente olhei para mim
E, tão perto do fim
Senti tua falta
Tão inexistente
Quanto tua presença
Sozinho, percebi a ausência
De tua pessoa
Vi teu olhar
No vazio do ar
Beijei tua boca
Ilusórios sentidos
Meu toque, seu toque
Na penumbra da falta
De um abraço, de um carinho
De uma mulher
Que nunca foi minha
Outra vez eu disse adeus
E mais uma vez
Não houve resposta
Só o silencio
De tua longínqua
E eterna presença