sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tomas Tranströmer, prêmio Nobel de Literatura 2011


O Prêmio Nobel de Literatura 2011 foi atribuído ao poeta e tradutor sueco Tomas Tranströmer, anunciou na quinta-feira, dia 6 de outubro de 2011, a Academia sueca, em Estocolmo. O sueco Tomas Tranströmer, 80 anos, autor de “Den stora gatan” (O Grande Enigma, 2004) foi distinguido com o prêmio Nobel da Literatura. O prêmio tem o valor monetário de dez milhões de coroas suecas, cerca de 1,1 milhões de euros. O prêmio Nobel da Literatura 2011 é representante da poesia lírica, que não era premiada pela academia sueca desde 1996, ano em que foi eleita a poetisa polaca Wislawa Szymborska. A Academia sueca anunciou que Tranströmer merceu a honra “porque, através das suas imagens condensadas e translúcidas, dá-nos um acesso fresco à realidade”. Além da sua obra poética, tem-se destacado como tradutor. A cerimônia de entrega dos Prêmios Nobel 2011 realizará-se no próximo dia 10 de dezembro, na capital sueca. Tomas Tranströmer, no entanto, não vai poder falar para agradecer. O poeta sofreu em 1990 um acidente vascular cerebral que o deixou em parte afásico e hemiplégico. Apesar disso, continuou a escrever. Desde então, publicou mais três obras, entre as quais “O Grande Enigma: 45 Haikus”. Confira, abaixo, trechos de dois poemas do novo prêmio Nobel de literatura:



HISTÓRIAS DE MARINHEIROS (1954)


Há dias de inverno sem neve em que o mar é parente
de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza,
azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos
linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar.

Em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca
de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas
tripulações vêm a terra, mais ténues que fumo de cachimbo.

(No Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas
e olhos sonhadores. No Norte, onde o dia
vive numa mina, de dia e de noite.

Ali, onde o único sobrevivente pode estar
junto ao forno da Aurora Boreal escutando
a música dos mortos de frio).


***



A ÁRVORE E A NUVEM (1962)


Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.

Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.


***

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