quinta-feira, 28 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
Vida de escritor
por Eder Ferreira
Sempre que
inicio um novo trabalho literário, seja um texto, ou mesmo um livro, um milhão
de coisas passam pela minha mente (hipérbole descarada!). Penso se alguém irá
gostar, ou ao menos ler, aquilo que escreverei. Analiso os pormenores desse
oficio fatídico. Pergunto-me se não estaria prestes a perder uma parcela
valiosa de meu tempo. Ou seja, não penso em nada que preste.
Depois, de
tanto torrar neurônios à toa, começo então a escrever. As palavras vão
surgindo. Se for um poema, tenho que digladiar com minha criatividade, para ver
se arranco dela alguma metáfora ou algum lirismo ponderado. Se for um texto em
prosa ficcional, tipo um conto, ou mesmo não ficcional (como esse que agora você
lê), tento trabalhar as palavras de maneira a solidificar a aquosidade das ideias
que teimam no caos de meu cérebro já cansado.
Vejam então,
meu caro leitor, o quanto é difícil escrever. Se ainda não viu dificuldades,
pense nos vestibulandos. Quantos se preparam por meses, ou até anos, para
esbarrarem na famosa e temida redação. Montar um texto que agrade a banca
examinadora não é tarefa fácil. Agora, imagine meu caso, onde tenho que agradar
uma banca ilimitada, formada por pessoas que não tem a menor obrigação de ler
quaisquer linhas que me atrevo a escrever. E, ao invés de notas, essa banca dá
apenas pitacos. Ao invés de aprovação, a confiança necessária para vasculharem
as prateleiras de uma livraria ou biblioteca atrás de um livro meu. E, ao invés
de reprovação, a pior de todas as punições: o desdém.
Mas, a pior
parte, vem assim que o texto, ou livro, fica pronto. O que fazer? Publicar o
texto na internet? Sair atrás de patrocínio para o livro? Só resta caçar algum
concurso literário que dê como prêmio a tão sonhada publicação, ou uma boa
grana.
Escrever não é
oficio para qualquer um. O peso é grande. A responsabilidade também. As únicas
coisas pequenas são o dinheiro e o reconhecimento. Ah, e a vontade de desistir.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Pedaços do tempo
Por Eder Ferreira
Desfragmente o tempo. Depois o remonte, como um
quebra-cabeça. Cada peça em seu lugar, cada pedaço colocado ao lado de seu par.
Como desfragmentar o tempo? Muito simples. É mais
fácil do que parece. E há várias formas de se fazer isso. Existe a maneira
clássica, os famigerados historiadores.
Antigo, medieval, moderno e contemporâneo. Mas, o que ainda virá, não
faz parte do tempo?
Prefiro assim:
Tempos passados: incontáveis anos, décadas,
séculos, milênios. Memórias perdidas na linha instável do que já se foi.
Mesopotâmia, Roma, Grécia, Egito... Nações que surgiram e caíram. Apesar de me
ater aos números e às letras, sempre me pego a espiar o buraco da fechadura do
tempo que não volta mais. Até do Brasil que, dizem, não tem memória. Admiro a
covardia dos generais e a coragem dos opositores. Tempos longínquos. Saudades
imemoriáveis. Tempos nostálgicos, de quando ainda valia a pena viver...
Tempos presentes: inexistentes. Ou melhor:
inexplicáveis. Talvez imperceptíveis seja a melhor definição. O presente,
praticamente, não existe. Nem um milésimo de segundo separa o passado do
futuro. É como a cabeça de um alfinete. Presente mesmo, só quando se faz
aniversário. Se bem que nem isso, já que o presente temporal não é dos
melhores.
Tempos futuros: se o que está acontecendo já é uma incógnita,
o que dizer do que ainda não aconteceu? Meros devaneios. Há previsões para
todos os gostos. Das mais otimistas, como prosperidade, paz mundial, o Brasil
como potência econômica, e blábláblá, até as mais pessimistas, como guerra,
peste, morte, fome, e mais algum cavaleiro apocalíptico que quiserem inventar.
Ou seja, é melhor deixarmos o futuro para os verbos.
Assim se resume o tempo. Mas dá para fazer outras
divisões: só passado e futuro, eras geológicas, em grupos de anos, etc.
Em tempo, desfragmente-o de qualquer maneira. Ou
deixe-o assim mesmo, seguindo seu relativístico eixo. O tempo nos permite que
brinquemos com seus minutos e segundos, que contemos seus dígitos de trás para
frente, que percamos horas vendo a areia de uma
ampulheta cair lentamente,
que deixemos de nos preocupar com os atrasos, que acordemos cedo
e enrolemos até a hora de sair para o trabalho, que fiquemos até altas horas da
madrugada vendo TV sem nos preocuparmos com o dia seguinte, que escrevamos
crônicas insanas sobre ele próprio, etc...
Enfim, isso é
o tempo. Mas, atenção, uma hora ou outra o tempo acaba. Todavia seus fragmentos
para sempre irão pairar sobre o eterno abismo da existência. Seja inteiro ou em
pedaços, siga-o até o fim. Até porque, você não tem outra escolha...
quinta-feira, 24 de maio de 2012
O triste fim de um amor
por Eder Ferreira
Onde houve semelhanças
agora há diferenças
Interferência
da vida que se faz algoz
Impaciência
pela finitude dos sentimentos
Indiferença
posta à mesa
sobreposta, aos poucos
em instantes impassíveis
em momentos tão loucos
Lamentos serenos
tão fortes, tão plenos
Sentimentos comuns
tão meus, tão seus
E onde houve uma voz
agora só se ouve
o triste som
da palavra adeus
sábado, 19 de maio de 2012
Ela
por Eder Ferreira
Olhei teu corpo estonteante
Teus olhos tão brilhantes
E, nada vi, senão um espelho
Refletindo meu vazio eterno
Meu pecado fraterno
Tudo contido numa fração
De segundos perdidos
De um tempo em vazão
Vi a luz perversa do mundo
Em teu olhar, bem no fundo
De tua alma tão longínqua
Vi a vida que se fez uma vez
Num instante de pura emoção
A voz que saia do coração
A voz que se calou de repente
E nessa loucura desconhecida
Percebi que não sei quem é
Essa alma que se fez imprecisa
Essa alma que se fez mulher
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Como eu queria...
por Eder Ferreira
...que todo amor fosse
pleno, sereno, fraterno
e não uma eterna tentativa
de dizer quem manda
e quem está na defensiva
...que todo amor fosse
o que já foi um dia
um momento doce
um mar de simpatia
...que todo amor fosse
para cada amante
um solene instante
um segundo perene
...que todo amor fosse
como o futuro obscuro
sem regras definidas
sem adeus nem partidas
...que todo amor fosse
apenas amor, e mais nada
como uma eterna madrugada
como uma ardente chama
nos braços de quem se ama
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Toda forma de amar
por Eder Ferreira
amor sereno
tão pleno
ilógico
ameno
amor selvagem
impuro
tão claro
escuro
amor silvestre
campestre
passado
rupestre
amor senil
anil
tão jovem
maduro
amor sônico
platônico
audível
catatônico
amor igual
diferente
ausente
mortal
amor que cresce
desaparece
mas volta
casualmente
amor distante
relevante
puro
ofegante
amor verbo
a conjugar
o delirante
poetar
amor que é
em si
toda forma
de amar
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