por Eder Ferreira
Olhei para meus escritos, já empoeirados,
e vi rastros de inquietude e impaciência.
Pude observar meus sentimentos obsoletos
e minhas manias exacerbadas.
Olhei bem fundo, dentro de minhas idéias,
e não hesitei em fitar as lamúrias
que regurgitei a cada letra desenhada
Não consegui fechar os olhos
para as inverdades mal arranjadas
sobre a mesa apodrecida.
Tapei sim meus ouvidos,
para não ouvir os gritos e berros
dos loucos que faziam de tudo
para atrapalhar minha concentração.
Me coloquei como o mais fiel dos leitores,
a frente de minhas palavras reorganizadas,
afim de sentir a podridão exalada
por minhas desmedidas sinopses
e ideologias bem calcadas.
Olhei para mim mesmo,
e vi minha literatura se desmanchando
em formas avulsas e ignotas.
Vi meu passado, presente e futuro.
Me vi descrito em letras sobrepostas.
Me vi sozinho,
escrevendo bobagens poéticas
e ensaios sobre a ignorância humana.
Só não vi minh'alma.
Essa está guardada
em alguma pasta amarelada,
dentro de um velho arquivo enferrujado,
no escuro porão
de minhas lembranças perdidas.
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