por Eder Ferreira
Tributo I
a Olavo Bilac
No trêmulo rio do tempo incansável
Surge o mestre das letras, o senhor
O parnasiano perfeito, o insuperável
Declarando à poesia todo seu amor
O ouvinte das estrelas e do impossível
Debruçava-se na janela para vivenciar
Toda noite, sua obra intransponível
Que nunca, em seus versos, a de acabar
O poeta erudito, de febril literatura
Amante fiel da sublime conjectura
E das pérolas poéticas que construía
Através dos tempos, e sempre mais
Não a de se apagar, nunca, jamais
O brilho estrelado de sua maestria
Tributo II
a Cruz e Souza
Talvez os violões chorem eternamente
Ou, talvez, enlouqueçam de uma vez
Como a Monja, em sua negra avidez
Pervertida pela Múmia... solenemente
Se o poeta enlouquecer, maldita sorte
Terá que satisfazer seu sonho amável
Para ser, como nos versos, Invulnerável
Cantando, bem alto, a Música da Morte
Na liberdade negra de sua inteligência
Confundida, muitas vezes, com destino
Resta uma dose de talento e opulência
Se a loucura espreitou-lhe no derradeiro
Terá a sorte de no eterno confino
Ser afagado pelo Cristo verdadeiro
a Augusto das Anjos
Assisti, agora, o formidável, o enterro
Não da quimera, mas daquele verme
Aquele, que nos versos, no cerne
Vangloria-se, feroz, no funesto aterro
E, agonizante, o filósofo me contou
Que morcegos não mais lhe incomodam
Só voam, voam... giram, giram e rodam
E, que apenas um (o do tempo) lhe atacou...
Mas, mesmo que seja velha a sua obra
Algum verso perdido, sei que sobra
No caos, nos descontroles e desarranjos
Seu lirismo necrófilo ninguém esqueceu
Apenas, talvez, alguém não o entendeu
Pois a de enlouquecer até mesmo os anjos
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