segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma última lágrima que cai


por Eder Ferreira

Minhas lágrimas se cansaram

de cortar o ar, a mando da gravidade

a mando de meu coração

Não mais querem descer

em direção ao vazio

Nem escorrer por este rosto

fatigado de tanto sofrer calado

Nesse úmido lamento desfalecido

meu pranto já secou

como a chuva que não cai

torturando a terra inerte

Sou um sertão, em plena seca

Sou uma fonte morta

Sou uma lágrima evaporada

Nada sou, senão um lamento encarnado

Feito homem, mas na essência um vácuo

Feito um soluço, preso na garganta

Rarefeito ar, que, no atrito

tenta impedir a última lágrima de cair

nadando pelo espaço cheio de saudades

Tudo em vão

Nada segura o pranto insólito

de um lacrimejante e triste coração

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