terça-feira, 13 de setembro de 2011

Delírios de uma mente monstruosa - Tributo a Mary Shelley


por Eder Ferreira

As lembranças de seu finado marido povoam sua cabeça todos os dias, a todo momento, mas, durante a noite, se tornam mais recorrentes. São tantas as emoções a fluir que fica até difícil ter alguma inspiração. Sobre a mesa, páginas e mais páginas de uma nova estória que vai nascendo. Mas ela sabe que nenhuma conseguira abater sua mais perfeita criação, seu monstro, seu filho mais aterrorizante e fascinante. Mary Shelley sente dentro de sua alma que, por traz de toda aquela monstruosidade, há algo superior, muito além da roupagem fictícia e macabra. Os pensamentos vão de encontro com os devaneios quando, de repente, ao olhar para fora, através da janela entreaberta, ela vê uma imagem que gelaria o mais valente coração, mas não o dela. É ele, Frankenstein, ou pelo menos sua silhueta, demarcada na noite pela luz da lua. Apesar de saber que pode se tratar apenas de um tronco de arvore retorcido ela se pergunta: seria aquilo a insanidade da velhice chegando, ou seria a sua mais perfeita obra, que fugira de sua imaginação para lhe dar um último adeus e um obrigado? A única coisa que Mary faz é sorrir. E, mais uma vez, ela enxerga seu passado, vislumbrando a mais perfeita de todas as obras: a sua vida.


Sobre Mary Shelley

Nascida no ano de 1797, filha de pai jornalista e mãe feminista, Mary Shelley teve uma educação pouco comum para uma mulher de sua época. Aos dezesseis anos conheceu Percy Bysshe Shelley, que era casado. Iniciaram um romance, que a afastaria do pai. Após a morte da esposa de Percy, eles se casam. Seis anos após o casamento, Percy morre afogado. Seu mais importante livro foi Frankenstein, no qual criticou a responsabilidade da ciência. Escreveu outros romances, mas nenhum de grande destaque. Morreu em 1851, aos cinqüenta e quatro anos.

2 comentários:

  1. Frankenstein está para Mary assim como Sherlock Holmes para Conan Doyle e Carlitos para Chaplin: a criatura sobrepujou o criador. Para muitos artistas, pode ser o sinal de que seu personagem tornou-se um clássico, que influenciará outros artistas e encantará gerações.

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigado pela visita e pelo comentário. Abraço!

    ResponderExcluir