terça-feira, 16 de agosto de 2011

Números, letras e muita conversa fiada

por Eder Ferreira

Sou um matemático literário. Ou seria um literário matemático? Se bem que isso não importa muito, afinal de contas a ordem dos fatores não altera o produto. O caso é que me dedico tanto ao mundo das letras quanto ao dos números. Não são raros os que se assustam quando digo que não sou formado em letras.
- Um escritor formado em matemática?!
Já me acostumei a me verem como um estranho. Tipos como eu existem aos montes. O que mais me intriga é como as pessoas associam o que se faz com o que já se fez (Nesse caso específico
me refiro a um curso superior. Não vá pensar besteira...). É claro que adoro matemática. Os números me fascinam. Mas qual o problema de eu ser um escritor? Malba Tahan, Einstein, Newton, Euclides, todos fissurados em números, mas que também se meteram nesse negócio de letras.
Para falar a verdade, literatura e matemática nem são tão diferentes assim. Lógico que, se fizermos uma análise acadêmica, as diferenças são exponenciais. Mas, num sentido mais geral, ambas tentam explicar o mundo, cada uma a sua maneira.
Em algumas ocasiões, me bate uma dúvida. Será que fiz bem em fazer uma faculdade de matemática e não de letras? Parece insegurança, mas não é. Apenas me questiono se estou no caminho certo. Acho que só não me "letrei" porque aquelas regras ortográficas e gramaticais sempre me confundiram um pouco.
Sem mais enrolação, é isso que sou: um matemático metido a escritor. Alguém que tanto lê e escreve como também equaciona e calcula. Só tem uma conta que ainda não aprendi a fazer: uma que diga como chegar a um texto perfeito. Tipo, se eu somar um pouco de ficção com fatos reais, subtrair os erros gramaticais e ortográficos (Errhhh!!!), multiplicar minha inspiração e dividir tudo isso em palavras simplesmente arranjadas, quais as probabilidades de eu ter como resultado final um texto imune a qualquer prova dos nove?
Sei não. Acho melhor ficar no dois mais dois e seguir escrevendo, sem fórmulas ou teoremas. Afinal, nesse ponto a matemática e a literatura são idênticas: é errando que se aprende.


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